Planejamento Tributário


O planejamento tributário faz parte do elenco de funções e responsabilidades do Contador da empresa, e a iniciativa dessa providência lhe cabe por ser ele a pessoa que conhece as contas da empresa, a sua vida íntima, o seu futuro, as confidências etc. etc. O Contador é como o médico de família: Conhece todos da família, a saúde de cada um, e é o profissional responsável por cuidar da saúde de todos e mantê-la boa com os seus conselhos, as suas sugestões de medicamentos, as suas intervenções, e assim por diante. Da mesma forma é o Contador na empresa: Ele é o responsável por registrar os acontecimentos da empresa em suas contas, cuidar dessas contas para que sejam bem feitas e conciliadas, avaliar as contas em seu conjunto e mostrar aos seus donos sobre as perspectivas de futuro, as correções a serem feitas nos negócios, avaliar os custos por área de negócio, e sugerir como reduzi-los, bem como analisar a qualidade dos negócios, enfim .... Quem é este super-homem da empresa? É o médico da empresa, é o seu Contador, que tem sob a sua responsabilidade todas essas funções. É um dos cargos mais importantes dessa empresa, desde que exercido em toda a sua plenitude e com competência.

E, assim, esse médico de família quem deve cuidar de um aspecto importante da empresa: O custo dos impostos. Aliás, este é um dos mais importantes custos da empresa, que deve ser tratado com todo o carinho. E o que deve fazer o Contador? Primeiramente, ele deve orientar a empresa no sentido de recolher corretamente e nos prazos os seus impostos, além de cumprir todas as obrigações que a lei assim o exige. Mas compete a esse Contador, ao cumprir todas essas obrigações, fazê-la com o menor custo possível. É aí, então, que entra o planejamento tributário, que nada mais é do que utilizar-se da criatividade para pagar corretamente os impostos, mas pagar o menos possível. Por exemplo, muitas vezes é melhor recolher os impostos durante o ano com base no lucro estimado (presumido) e, no final do ano antes de entregar a declaração do imposto de renda, optar pelo lucro real, conforme permite a lei, podendo assim economizar impostos. Outras vezes, é melhor incentivar aos funcionários criarem uma cooperativa, fazer um comodato dos equipamentos para essa cooperativa, e pagar o seu pessoal através dessa sociedade, onde o custo será bem menor e, assim, pagar melhor o pessoal, dividindo com eles a economia proporcionada. Portanto, o planejamento tributário vem desde a organização da empresa, as suas atividades pelos ramos de negócio e lucratividade, para então definir qual o tipo de tributação que a empresa irá optar. Muitas vezes, terceirizar certas atividades para empresas do grupo ou para funcionários é mais vantajoso em termos fiscais do que fazê-las na própria empresa. Também, definir a forma de organização dessas empresas do grupo ou de funcionários poderá influir no custo dos impostos e, consequentemente, da atividade. Outras vezes, criar uma empresa em área de incentivos fiscais e terceirizar parte da operação é mais vantagem do que manter todo o negócio como uma única empresa. Por outro lado, um ré-arranjo societário e fiscal permite compensar prejuízos fiscais que estariam acumulados em várias empresas e poderiam não ser aproveitados.

Todas essas idéias e muitas outras, que permitem ao empresário economizar impostos, tem que ser levantadas pelo Contador da empresa. É por isso que ele precisa ser criativo, ter iniciativa, e ser inteligente para saber onde procurar e encontrar as informações que lhe permitirão reduzir os custos fiscais da empresa. E o Contador conseguirá todos esses benefícios para a sua empresa fazendo cursos de especialização, lendo jornais e revistas especializados, acompanhando o dia-a-dia das alterações na legislação, e mantendo contactos com empresários e com os colegas de profissão através dos órgãos de classe.

A globalização e a contabilidade


A globalização atualmente se apresenta como um dos grandes desafios neste fim de século e início do Terceiro Milênio. É uma mudança no mundo em todos os sentidos, é uma revolução resultante da era tecno-cêntrica. É a máquina como centro de tudo. E aí temos então esse desenvolvimento desenfreado do compu-tador com os seus reflexos na comunicação, na eliminação das barreiras entre países, na formação cultural, na vida social, no controle das empresas, na apuração de lucros e transações entre empresas; assim, o simples apertar de uma tecla transfere bilhões de dólares de um país para outro. Agora, tudo se centraliza na máquina. Temos aí, então, esse novo bicho chamado de globalização.

A globalização, como ela hoje ocorre, tem seus reflexos na vida de todos nós: Não somente no avanço do conhecimento entre os povos, na atualização técnica, mas também com os seus efeitos negativos no desemprego, na dominação das grandes corporações transacionais que, muitas vezes, poucas delas em con-junto são maiores do que vários países somados, não só em termos de faturamento, mas em termos de poder, de influência nas decisões dos governantes. A globalização não é um acontecimento dos nossos dias, já que se iniciou por volta dos séculos XV e XVI, com a expansão marítimo-comercial européia, na época do Re-nascimento. E, assim, continuou através dos séculos, porém de uma forma bem diferenciada daquela que está ocorrendo em nossos dias. E essa diferença está na velocidade e abrangência de seu processo, em escala assustadora nos dias de hoje. Mas o que chama a atenção neste momento é, sobretudo, o fato de generalizar-se em vista da falência do socialismo real. De repente, o mundo tornou-se capitalista e globalizado. Nós po-deríamos simplesmente dizer que a globalização é a eliminação das barreiras entre as nações, em todos os sentidos; é o conjunto de transformações que ocorrem na ordem política e econômica mundial. O aspecto central dessa mudança é a integração dos mercados, que passam a ser dominados por grandes empresas tran-sacionais. No modelo globalizado, os países abandonam paulatinamente as barreiras tarifárias e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. E a globalização acontece em vários sentidos.

Com a globalização, passa a ocorrer uma produção internacionalizada, as finanças passam a ser glo-balizadas, e o trabalho passa a ser internacionalizado, ou seja, é criado uma divisão do trabalho dentro das próprias empresas transnacionais. Por outro lado, a distribuição das funções produtivas não se encontra mais concentrada em um único país, mas espalhadas por vários países e continentes, cada um fabricando uma parte de um produto, dependendo das vantagens fiscais, custo de mão-de-obra e outros benefícios concedidos às empresas pelos governantes de cada país. Assim, a globalização é marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais. As empresas transnacionais atuam em vários países ao mesmo tempo, compram a melhor matéria-prima pelo menor preço em qualquer lugar do mundo, e se instalam onde os governos oferecem mais vantagens e onde a mão-de-obra é mais barata. Por outro lado, essas empresas, por possuírem um sistema de distribuição globalizado, enviam seus produtos para todos os cantos do mundo, para os lugares onde os seus lucros são maiores. E, então, essas empresas transnacionais se tornam verdadeiros impérios, não só pelo seu tamanho gigantesco, mas pela força que tem em diversos países e a flexibilidade de movimentar altos valores, muitas vezes sendo mais fortes do que alguns países.

Para se ter uma idéia do tamanho da globalização, basta mencionar a formação de blocos entre alguns países, feita para aumentar o seu poder de dominação e de negociação. Esses blocos, na realidade, represen-tam um primeiro passo na globalização. Segundo um estudo do Boletim Mundo, de 1996, existem inúmeros blocos econômicos que foram criados a partir de 1957, inicialmente com a formação da União Européia, que abrange quinze países, tem a maior renda per capita de US$19.668, uma população de 372 milhões de habi-tantes, e o terceiro maior PIB de US$7.324 bilhões. Outro bloco, o NAFTA, criado em 1988, é maior. Ape-sar de abranger apenas três países, tem um PIB de US$7.568 bilhões, 391 milhões de habitantes e uma renda per capita de US$19.356. Mas o maior de todos os blocos econômicos é o da APEC, criado em 1989, que abrange 17 países e um território, tem um PIB de US$14.119 bilhões e uma população de 2,2 bilhões de ha-bitantes, mas com uma renda per capita de apenas US$6.369. Para se ter uma idéia do tamanho desses blocos, o MERCOSUL, criado em 1991, abrange apenas quatro países e tem um PIB de US$859 bilhões; são apenas 207 milhões de habitantes e uma renda per capita de US$4.140. Esses blocos agora avançam no sentido de uma unificação mais global, como por exemplo da moeda – como foi o recente caso da União Européia – para atingir outros segmentos de livre comércio e de transações e relacionamento entre os povos. Na realidade, cada país passa a ser uma pequena parte dentro de um bloco econômico que, com um forte poder de barganha, passa então a orientar as decisões de todo o bloco. Essas associações de países, em geral dentro de uma mesma região geográfica, passam então a estabelecer relações comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional. Esses blocos trazem inúmeras vantagens, como por exemplo, a redução ou a eliminação das alíquotas de importação entre os países-membro, para a criação de zonas de livre comércio. Por outro lado, os blocos aumentam a interdependência das economias dos países-membro. Nessas condições, a formação de blocos econômicos nada mais é do que um dos processos de globalização.

A flexibilidade das grandes corporações em vários espaços geográficos ao mesmo tempo aumentou com a revolução científica da eletrônica. Assim, a utilização da informática que, mediante um simples aperto de uma tecla de computador, transfere milhões de dólares da bolsa de valores de um país para outro, e assim faz a chamada especulação financeira. Se o mercado é propício, lá vão os investimentos com uma rapidez nunca vista. Portanto, a rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação, tais como compu-tadores, telefones e televisão, têm sido fundamentais para agilizar o comércio e as transações financeiras entre os países. E o maior uso da comunicação via satélite permite que notícias sejam transmitidas instantane-amente para diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes. Todavia, a compe-tição e a competitividade entre as empresas tornaram-se questões de sobrevivência. O poder das empresas no tocante ao domínio de tecnologias, de capital financeiro, de mercados, de distribuição etc. é desigual, e aí, então, surgem as relações desiguais entre elas. Algumas sairão vitoriosas e outras sucumbirão. Muitos setores da economia dificultarão a entrada de novos competidores. Desse modo, a noção de livre mercado é relativa. Muitos setores da atividade econômica já tem "dono" e dificilmente permitirão a entrada de novos produto-res. A globalização da economia e das finanças beneficia, assim, amplamente, o grande capital, as grandes corporações transnacionais. A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e alta qualidade para os seus produtos. Nessa reestruturação, estão sendo eliminados vários postos de trabalho. Uma das causas desse desemprego é a automação de vários seto-res, em substituição à mão-de-obra humana. Nos países ricos, o desemprego também é causado pelo deslo-camento de fábricas para os países com custos de produção mais baixos. A globalização da economia exige das empresas nacionais um esforço para se adaptarem à nova realidade mundial, com métodos cada vez mais apurados de administração empresarial, controle eficaz do capital financeiro, contabilidasde, novas tecnolo-gias, baixos custos de produção, mão-de-obra altamente qualificada etc., requisitos que elas nem sempre são capazes de possuir. E aí, então, temos a concorrência desigual.

Inserido nessa nova conjuntura, nessa nova ordem econômica, o Brasil fez a abertura econômica para o exterior, tem aplicado a política de privatizações e empenha-se em desregulamentar sua economia, oferecendo vantagens às transnacionais para que aqui se instalem. O desafio que esse quadro nos impõe é o de definir uma política de controle da ação dessas corporações e dos capitais de curto prazo, principalmente daqueles que possuem enorme poder econômico e político, e centro de decisão no exterior. Por outro lado, no contexto de um país subdesenvolvido, os efeitos da globalização têm sido desastrosos. Um exemplo ilustrativo foi o ocorrido com o México, que viveu sua pior crise financeira em 1994. O país adotou toda a receita do FMI, mas, de um dia para outro, bilhões de dólares de capital especulativo foram transferidos de suas bolsas de valores para outras praças e, assim, a crise financeira resultante teve conseqüências drásticas. O Brasil, a título de mais um exemplo, se não tivesse agido rápido no início de 1999, teria tido uma das maiores crises de sua história que, felizmente, foi controlada mediante políticas rígidas adotadas de elevação das taxas de juros, liberação de câmbio, entre outras.

E, assim, de repente, vamos ouvir no rádio que a empresa tal estará encerrando todas as suas operações no Brasil e se transferindo para a África, onde o custo da mão-de-obra é a metade. Ou veremos países terem, de repente, um batalhão de desempregados em contradição com outros que passam a ser modelos de agressividade econômica, por terem custos baixos e receberem inúmeros investimentos das empresas transa-cionais. Por outro lado, já assistimos o poder das grandes corporações mundiais que tem sede em um país e grande parte de suas unidades em diferentes outros países, produzindo parte dos componentes em diversos locais, fazendo com que o custo total de produção final seja baixo e gerando um aumento de produtividade e de competitividade nunca antes vistos. Assim, a força dessas corporações e sua atuação geográfica estão mudando o enfoque da economia. Anteriormente, quem tomavam as grandes decisões econômicas eram os governos. Hoje, essas decisões estão sendo tomadas pelas grandes corporações que passaram a decidir basi-camente o que, como, quando e onde produzir os bens e serviços utilizados pelos seres humanos. Por outro lado, os governos não conseguem mais deter o movimento do capital internacional e estão perdendo o contro-le sobre a política econômica interna. A crise do México é o exemplo mais marcante dessa perda de controle. Os governos também estão perdendo a capacidade de proteger o emprego e a renda das pessoas. Se um país estabelece uma legislação que protege e encarece o trabalho, é provavelmente excluído da lista de muitos projetos de investimento. Há, enfim, uma perda de controle sobre a produção e a comercialização de tecnolo-gia. A globalização é uma tendência do mundo moderno, principalmente através da constituição das chama-das empresas transacionais, que operam – ou passam a operar – em diversos países simultaneamente. Tem vantagens e desvantagens, mas é evidente que as vantagens superam as desvantagens, desde que exista um controle efetivo sobre a balança de pagamentos. Quando um país entra nesse esquema, é evidente que entrou em um caminho sem volta. Como aspectos positivos, podemos dizer que a globalização permite o comércio entre os países de uma forma gradual e facilitada, com tendência a caminhar para um livre comércio e, assim, eliminando as barreiras existentes. A globalização permite que os países menos desenvolvidos tenham o a-cesso imediato à tecnologia, ao conhecimento científico, aos bens de consumo duráveis ou não e a todo tipo de desenvolvimento. Naturalmente, que esse acesso tem o seu preço, mas a globalização permite que todos tenhamos acesso imediato aos mais diversos tipos de bens e de conhecimento, aumentando o nosso conforto e nos permitindo queimar barreiras no processo do conhecimento. Entre as desvantagens, cabe-nos mencionar que a globalização é uma forma de domínio dos países mais desenvolvidos onde estão localizadas as grandes corporações, principalmente na área da tecnologia e do conhecimento. É uma forma de “escravatura branca”. É também uma forma de transferência de riquezas para os países mais desenvolvidos – os exportadores -, através do sub-faturamento. E aí, então, vem a nossa pergunta para meditarmos a respeito: COMO FICA A CONTABILIDADE FRENTE A TUDO ISSO? Essa contabilidade que está encarregada de refletir os fatos, e de demonstrar a real situação da empresa nesse mundo globalizado?

Arbitragem: Uma forma rápida de solucionar pendências


Você já pensou em comprar um apartamento e incluir no contrato de compra e venda que quaisquer divergências futuras entre você e o vendedor serão resolvidas rapidamente, digamos em um prazo de até seis meses, ou antes, por uma pessoa ou pessoas escolhidas por você, comprador, e o vendedor? E que a decisão desse árbitro terá força de lei entre as partes, valendo como se fosse uma sentença judicial?

O juízo arbitral traz várias vantagens em relação à Justiça comum. Primeiramente, temos a celeridade do processo. Um processo dessa natureza tem que ser resolvido no prazo máximo de seis meses, a partir da instituição da arbitragem, contrariamente à Justiça comum em que um processo poderá demorar anos-e-anos. Por outro lado, se as partes desejarem uma solução em dois meses, desde que o prazo seja viável, dessa forma neste prazo as partes terão em mãos a sentença arbitral. Outro aspecto importante diz respeito à escolha do árbitro ou árbitros. As partes contratantes têm o direito de escolher livremente os árbitros, sempre em número ímpar. Assim, poderão escolher livremente um só árbitro ou três ou cinco, ou mais. Mas sempre em número ímpar. Este aspecto é diferente da Justiça comum, quando o Juiz será escolhido pelo critério de sorteio.

Outro aspecto importante seria no sentido da confidencialidade do processo. Na Justiça comum, como todos sabemos, o processo é público, exceto os processos de família e alguns processos de natureza reservada. Assim, se duas empresas estão divergindo a respeito da interpretação de determinada cláusula contratual, mas não desejam que o assunto seja exposto ao público, o Juízo arbitral se constitui em uma excelente opção, sem falar no aspecto da rapidez.

Mas, poderíamos perguntar, quais os assuntos que podem ser objeto de opção pelo Juízo arbitral? E quem pode fazer esta opção? O Juízo arbitral pode ser escolhido somente pelas pessoas capazes e maiores, e somente poderá versar sobre litígios que envolvam direitos patrimoniais disponíveis. Assim, de acordo com o novo Código Civil, são incapazes os menores de dezoito anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os excepcionais, que tenham o discernimento mental reduzido ou sem desenvolvimento, os pródigos, entre outros. Por outro lado, bens patrimoniais indisponíveis excluem, por exemplo, os crimes contra a sociedade, os assuntos de família, entre outros. Portanto, pode ser objeto de escolha pelo juízo arbitral os negócios de compra e venda de apartamento, o contrato de constituição de uma sociedade, a discussão sobre o valor de indenizações trabalhistas, o fornecimento de uma determinada mercadoria a um cliente. Existem regras específicas a respeito dos contratos de adesão, que são aqueles contratos-padrão que geralmente as lojas se utilizam para vender mercadorias, ou seja, são aqueles contratos que geralmente já vem impressos pela gráfica e que a parte mais fraca não pode alterá-lo.

As partes contratantes podem escolher o momento de fazer a opção pelo Juízo arbitral. Assim, ao elaborarem um contrato, as partes podem incluir uma cláusula compromissória que é uma cláusula incluída no contrato, através da qual as partes se comprometem a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir em relação ao contrato. Essa intenção poderá ser incluída em documento apartado. Geralmente, nesta cláusula pode-se optar desde logo pelo árbitro e seu substituto, ou pode-se definir como será feita a escolha dos árbitros. Mas a escolha pode ser feita posteriormente, inclusive em relação a um processo que esteja sendo discutido na Justiça.

Em Minas, o instituto da arbitragem tem evoluído muito, principalmente com a criação da CAMARB - Câmara de Arbitragem de Minas Gerais, uma entidade independente formada por vários organismos de classe (site www.camarb.com.br).

A hora da onça beber água


Todas as profissões estão passando por uma profunda reformulação. Novos conceitos, novas teorias, novas descobertas, enfim, muito novo frente aos meios de comunicação cada vez mais rápidos. Telex e fax já são coisas do passado. Hoje, fala-se em e-mail, comunicação via satélite, home page, enfim, fala-se em rapidez em tudo. Os vendedores viajantes já não mais precisam aguardar o fim de semana para retornar à casa matriz e entregar os dados da semana para serem emitidos os pedidos, para conferir se o cliente pagou aquela duplicata atrasada etc. Hoje, o vendedor faz uma conexão telefônica com o seu notebook em onde estiver, acessa-se o computador central, e pronto: todos os dados da empresa já estão em sua frente, devidamente atualizados. Assim, ele pode cobrar contas atrasadas, aumentar o crédito do cliente, enfim, um gerenciamento perfeito, on line. Nada como o vislumbrar dessa rapidez, a satisfação que tudo isso dá.

Na contabilidade, nada está diferente. Novas técnicas estão à disposição de todos nós. Pela internet, podemos entrar no site do AICPA – o Instituto Americano de Contadores e ver todos os pronunciamentos que estão sendo emitidos, que estão em discussão, qual a tendência das novas opiniões dos contadores daquele país. Ou podemos ir no site do Conselho Federal de Contabilidade e termos de pronto todas as resoluções que estão em vigor, e tudo que está sendo feito pela nossa profissão. Podemos saber quais os novos congressos que teremos nesse ano, a data, o local, enfim, tudo o que possa nos interessar. Ou ainda podemos ir no site do IASC – o organismo internacional que emite normas de contabilidade válidas para a maioria dos países do mundo inclusive o Brasil, e conhecer qual é a tendência daquele órgão mundial de contabilidade, e qual a propensão da nossa profissão.

E a par de tudo isso, uma grande mudança está sendo feita em nossa profissão no Brasil: São as alterações que estão sendo feitas na legislação contábil, cujo objetivo final é o de retirar da norma contábil o poder legiferante de fixar princípios contábeis, e transferir essa atribuição para os contadores. E para dar esse grande passo, alterações estão sendo feitas nas práticas contábeis, na forma de registrar ativos e passivos, e na forma de divulgar os balanços das empresas.

Novas demonstrações estão sendo feitas, como a Demonstração do fluxo de caixa, a Demonstração do valor adicionado, e informações e quadros analíticos, tais como o balanço social, entre outros. Novas informações estão sendo requeridas para inclusão em notas explicativas relacionadas com leasing, contexto de operações em que se desenvolve a empresa, entre outros. Novas formas de contabilização passarão a ser requeridas, como por exemplo, forma de registrar os contratos de leasing, novas taxas de depreciação em função de vida real ao invés de taxa fiscal. Ou mesmo, a criação de grupos de contas como o circulante e o não circulante, o intangível, os resultados não realizados para registrar lucros economicamente disponíveis em sociedades controladas e coligadas mas financeiramente não disponíveis para a investidora. Ou ainda, a eliminação de grupos de contas como o de Resultado de exercícios futuros, o Permanente, ou a proibição de se fazerem reavaliações de ativos.

Tudo isso é coisa nova. É novidade em um mundo novo cheio de apreensões e incertezas. São alterações muito importantes que mudarão a nossa vida e a vida das empresas, os seus resultados, e os lucros que os acionistas recebem. Estamos aqui falando da velhinha aposentada dos Estados Unidos que aplicou o seu dinheiro em um fundo de previdência que, por sua vez, comprou ações do capital de uma empresa brasileira ....

E nós, contabilistas, o que temos feito para ficarmos a par de tudo isso? Temos lido revistas especializadas, temos participado de cursos, de seminários ... Temos enfrentado novos desafios, novos cursos de atualização ou de pós-graduação, ou mestrado? ... Enfim, estamos nos mexendo, estamos convictos de que queremos ser profissionais de ponta, de primeiro nível, cientes de nossa responsabilidade e do nosso compromisso para com a nossa profissão, com a sociedade, ou estamos esperando a hora da onça beber água. Temos que ser profissionais atuantes, eficientes, de alto nível. Temos que deixar o comodismo da novela Viver a Vida, e aproveitarmos esse tempo disponível para lermos, para nos atualizarmos, enfim para sermos profissionais capazes e orgulhosos de ser Contabilistas.

O bom senso e a contabilidade


A contabilidade é uma ciência que deve refletir todas as transações de uma entidade (em-presa), de forma a ser possível apurar o seu resultado de um determinado período, bem co-mo identificar em qualquer momento qual é o valor dos bens e direitos da empresa e de suas obrigações. Dessa forma, a contabilidade não só registra fatos, mas controla os negó-cios, e informa a todo momento quais os bens que a empresa tem, quando foram adquiridos, por quanto tempo já foram usados, ou informa quanto a entidade deve ao fornecedor fulano de tal, quais as remessas de mercadorias que foram feitas, o vencimento de cada nota fiscal etc. etc. Portanto, contabilidade é fonte de informação, é o local aonde deveremos dirigir-nos sempre para obter dados para o orçamento anual, é de onde saem as informações para o fluxo de caixa, e assim por diante.

Mas a contabilidade, em sua tarefa de registrar e de ser fonte de informação, precisa trazer no seu bojo a figura do bom senso. Isto quer dizer que a contabilidade precisa ser dinâmica, ser flexível e se adaptar às mais diversas condições. Mas essa aceitação não pode ser algo cego. Todavia, a contabilidade simplesmente não pode aceitar mudanças, simplesmente pelo fato de que essas mudanças vem de fulano ou de beltrano. Mudanças precisam ser discutidas para serem acatadas.

Se não vejamos um exemplo: Com a inflação muito alta, o reconhecimento da correção monetária como um item de receita e de despesa resultante da correção do balanço passou a ser um princípio contábil geralmente aceito pela comunidade empresarial e pelos contadores. E essa correção monetária foi reconhecida na contabilidade por mais de trinta anos, seja pelo caminho quando se corrigia apenas o ativo imobilizado, seja apenas pela correção monetária do capital de giro, ou pela correção monetária das contas do ativo permanente e do patrimônio líquido. Até então finalmente passar pela correção integral de todas as con-tas do balanço, trazendo todas elas a valor presente, inclusive o resultado. Agora, com a inflação em baixa, a contabilidade, no seu papel de reconhecer a mudança dos tempos, pelo bom senso deixou de reconhecer essa inflação que se tornou tão pequena que não mais fazia sentido. Ou seja, os princípios contábeis mudam com os tempos e a eles se adaptam. Portanto, em seu papel dinâmico, a contabilidade é mutável, conforme muda a economia.

Nesse papel também de bom senso, a contabilidade reconhece mutações econômicas decor-rentes de valorização ou desvalorização de atividades econômicas. Exemplo disso no Brasil é a mudança ocorrida no mercado de imóveis. Até há algum tempo atrás, investíamos nossas sobras de caixa, nós pessoas físicas e jurídicas, em imóveis. Os imóveis eram de fato, economicamente falando, tratados como reservas de valor. Isto quer dizer, era caixa, e trazia a rentabilidade de boas aplicações. Agora, com a estabilização da moeda, os imóveis perderam esse atributo de ser reserva de valor e passaram a ser tratados como mercadoria. E os seus preços caíram assustadoramente. A contabilidade então passou a reconhecer esse efeito mediante uma desvalorização (perda), para trazer o seu valor àquele de mercado.

Fazendo todo esse trajeto para ser dinâmica, a contabilidade cumpre o seu papel de ser fon-te de informação, de registrar todas as mutações da empresa utilizando-se do bom senso, sendo flexível e ajustando-se às influências mais diversas.

E nós, contadores, precisamos estar no ápice para antecedermos a todas essas situações e mudanças, de forma que a contabilidade de fato cumpra o seu papel.

Valorização profissional


No dia-a-dia de nossa vida profissional de auditor e consultor, você tem contactos com as mais diferentes pessoas do ramo empresarial e a conversa gira, além dos assuntos profissionais como é natural, em torno de amenidades, o que torna a profissão ainda mais interessante. Na semana passada, um empresário falando sobre como cada um deveria valorizar o seu negócio, contou o seguinte causo: Tinha um fazendeiro que aplicou a tecnologia na sua fazenda, e os seus negócios iam muito bem, apesar da crise que todo mundo vinha passando. Certo dia, um fazendeiro vizinho seu, cujo negócio não ia bem, chegou em sua fazenda e lhe perguntou: Olha, Fulano, como vão as coisas? Ora – respondeu ele – muito bem. Depois que eu comprei esse cavalo, o meu negócio vai muito bem. Ele só me tem dado sorte, aliás muita sorte. Esse cavalo é o meu guia ... É o meu ídolo. E o vizinho olhou e viu então o cavalo. De fato, era um cavalo muito bonito, de aparência vistosa, elegante na forma de ser e de andar e de marchar. Dias depois, chegou um outro vizinho e, então, a história se repetia. E foi-se repetindo daí para frente. E todos os vizinhos estavam entusiasmados com o cavalo. Até que um dia, um deles, acreditando que o cavalo realmente era o enigma da sorte daquele fazendeiro, lhe perguntou: Você não vende este cavalo? E ele então respondeu: Não, só se for por muito dinheiro. E o vizinho foi embora. Acontece que esse vizinho, então entusiasmado com o cavalo, vendeu um apartamento na cidade e, então, procurou o fazendeiro: Quanto é que você quer no cavalo? Ah, eu não vendo. Olha, eu vendi um apartamento e quero comprar esse cavalo. Eu dou trezentos mil dólares pelo seu cavalo. O fazendeiro pensou, pensou e disse: Bom, por esse preço, eu fico triste, mas eu vendo o meu cavalo. E então negócio fechado. E o fazendeiro levou o cavalo...

Meses depois, ele voltou até a fazenda do antigo dono do cavalo e então lhe disse: Olha, eu levei o cavalo, estou tratando dele com ração importada, da melhor qualidade, muito cara. Ele está bonito, está gordo, vistoso ... Mas os meus negócios não melhoraram. Aquele cavalo não presta!!! O fazendeiro então disse: Olha, se você não acreditar que o seu cavalo é bom, e mudar a tecnologia do seu negócio, ninguém vai te pagar dinheiro algum por ele. Você tem que valorizar o que é seu, se não fizer isso, quem o faria? Diz para todo mundo que o seu cavalo é bom, aprimore a sua tecnologia, e invista no seu negócio. Se você não acreditar que o seu cavalo é bom, você quer que o seu vizinho acredite?

Meus caros colegas de profissão: A história é simples, mas ela se aplica à maioria de nós. Muitos de nós não acreditamos que temos um bom cavalo. Achamos que o nosso serviço não vale o que estamos cobrando, desmerecemos o nosso mérito cobrando barato pelos serviços que prestamos. E assim aviltamos o preço de nossos serviços e, por consequência, alvitamos os serviços de toda uma classe, prejudicando a todos.

Os honorários profissionais devem ser estabelecidos não só em função do tempo que gastamos na sua execução, mas também em função do benefício que o cliente terá. Porque, por exemplo, muitas vezes um médico faz uma cirurgia de uma hora e cobra cinco mil reais? Porque o mesmo não acontece conosco. Porque, simplesmente porque, não acreditamos no nosso cavalo.

Dizem as regras de nossa profissão (a Resolução 803/96), cujos autores muito bem acreditavam no seu cavalo:
“Do valor dos serviços profissionais
Art 6º - O Contabilista deve fixar previamente o valor dos serviços, de preferência por contrato escrito, considerados os elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a executar;
II - o tempo que será consumido para a realização do trabalho;
III - a possibilidade de ficar impedido da realização de outros serviços;
IV - o resultado lícito favorável que, para o contratante, advirá com o serviço prestado;
V - a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente;
VI - o local em que o serviço será prestado.”

Portanto, todos nós, contadores, deveremos acreditar em nosso cavalo e valorizá-lo. Se nós não o fizermos, quem o faria por nós? Precisamos valorizar a nossa profissão, o nosso cavalo. Assim, deveremos cobrar um preço justo para fazer a contabilidade de uma empresa, ou para responder uma consulta do cliente seja ela contábil ou fiscal ou de outra natureza, ou para fazer uma auditoria, ou uma perícia. Deveremos cobrar também pela nossa responsabilidade que é envolvida no assunto. Ou às vezes também deveremos cobrar pelo risco de associar o nosso nome com determinado cliente. E deveremos cobrar um preço, não somente levando em consideração o tempo gasto, mas também o benefício que o cliente terá com a solução que lhe dermos para o seu problema. E porque não? Quando você encontra um médico “seu amigo” e lhe consulta, ele normalmente pede a você para marcar uma consulta em seu escritório para “estudar e examinar melhor o assunto”. E então ele lhe cobra a consulta. Com o advogado é a mesma coisa. Porque conosco, contadores, tem que ser diferente? Porque o médico valoriza o seu cavalo, o advogado faz o mesmo, e porque nós, contadores, não o fazemos? O preço do cavalo depende de nós acreditarmos no quanto ele vale e então cobrarmos. Portanto, caros colegas, vamos valorizar a nossa profissão, o nosso trabalho, e o nosso cavalo. Se nós não o fizermos, quem o faria por nós? A resposta é simples: Ninguém.

Quanto vale sua empresa?


Determinar qual o valor de uma empresa é algo complexo e difícil, mas não impossível. Quanto vale, por exemplo, a Petrobrás e todo o seu complexo de empresas controladas e coligadas dos mais variados ramos? Pergunta simples e direta, porém cuja resposta não é tão simples o quanto parece à primeira vista. Quanto vale uma rede de supermercados, por exemplo, o Carrefour? Ou quanto vale uma lanchonete na Praça Sete, por exemplo? Ou quanto vale o Conglomerado BEMGE que agora está por ser privatizado?

Todas essas perguntas levam o leitor a pensar como é possível calcular o valor de um ne-gócio desses? Teoricamente, cada “negócio” vale, em princípio, o montante do patrimônio líquido apurado pelo balanço da empresa ajustado pelos ativos e passivos a valor presente acrescido da mais ou menos valia dos estoques e do imobilizado, mais ainda o valor do ativo intangível que não está contabilizado que é o fundo de comércio, deduzido das contingências certas e um percentual das contingências prováveis. Esse seria então o valor teórico da empresa, à vista. A prazo, esse valor seria então acrescido dos juros de uma aplicação financeira.

Essa é uma forma simplista de calcular o valor de um negócio, mas é um critério utilizado quando não se tem história do negócio ou orçamentos projetados de anos futuros com forte margem de certeza. Mas existe uma outra forma mais técnica de calcular o valor de uma empresa. Trata-se da sistemática de fluxo de caixa descontado. Com base neste critério, a empresa vale o montante que ela pode gerar de lucros futuros, que seriam descontados a valor presente. Em outras palavras, o valor da empresa seria determinado com base no fluxo de caixa futuro (a soma das sobras futuras de caixa) que a empresa irá gerar, descontado a valor presente. Assim sendo, na conformidade com esse raciocínio, o montante do fluxo de caixa futuro será igual à diferença entre os ativos e passivos que a empresa tem hoje, que seriam acrescidos ou ajustados pelo valor presente dos lucros futuros acrescidos das depre-ciações e amortizações que não representam desembolso de caixa, e deduzidos das saídas de caixa. Nessa sistemática de avaliação da empresa com base no fluxo de caixa, o imobili-zado e o diferido não seriam considerados nos saldos iniciais, porque a sua geração seria anualmente considerada pelo acréscimo ao resultado da amortização do diferido e da de-preciação do imobilizado.

Os fluxos de caixa anuais assim encontrados seriam então trazidos a valor presente, e ter-se-ia então o valor do negócio à vista. Assim, ao se projetar o valor dos lucros futuros, estaria então sendo levado em consideração todo o esforço de vendas e de redução de custos, a política de negócios, de marketing, a eficiência do pessoal de vendas, ou do gerente finan-ceiro para aplicar os recursos disponíveis, ou do engenheiro de produção. O valor do fundo de comércio seria então levado nessa consideração para gerar lucros, eis porque não seria pago nada de adicional por esse fundo, em virtude de o seu benefício já estar sendo consi-derado nos lucros anuais. Todo esse esforço estaria então sendo considerado como parte dos lucros futuros. Portanto, o valor do goodwill representado pela marca, pelo fundo de comércio, pela qualidade da gerência, ou pela carteira de clientes, tudo isso já estaria sendo considerado como parte do lucro futuro. Assim, neste critério de avaliação não há que se falar em valor de mercado do imobilizado, ou em valor da carta-patente. Tudo isto já estará refletido nos lucros futuros projetados. Nessas condições, qualquer negócio só tem valor se ele puder gerar resultados. De nada adianta escritório bonito ou fábrica modelo, se isso tudo não gerar lucros. Sob a ótica do investidor, como negócio, nada vale.

Um aspecto importante a se considerar também na avaliação do fluxo de caixa é o percen-tual a ser adotado para se estabelecer o desconto a ser reduzido dos lucros futuros. Para concluirmos sobre esse assunto, vamos pensar do ponto de vista do investidor. Se um in-vestidor tem uma determinada quantia para investir, e teoricamente não quer correr risco, ele então irá aplicá-la em um fundo que lhe garanta por exemplo um retorno pelo menos igual ao CDI, hoje em torno de 20%. Neste tipo de investimento, o investidor teria o único esforço e risco de dar um telefonema para o gerente de sua conta e lhe solicitar para fazer a aplicação do seu dinheiro. Agora, se o investidor quer correr algum risco, ele então precisa-ria de uma remuneração adicional, além desses 20%. E de quanto seria então esse per-centual adicional que ele teria para correr risco. Nas circunstâncias atuais, poderíamos falar em algo em torno de um rendimento adicional de 10%. Portanto, o valor do desconto a ser aplicado aos lucros futuros seria de 30% ao ano. Essa taxa seria aplicada até atingir a per-petuidade.

Normalmente, o consultor, ao ser contratado para calcular o valor de um negócio, estabele-ce inicialmente com o seu cliente, que geralmente é o comprador, o critério de avaliação a ser adotado. Definido esse critério, que geralmente é o do fluxo de caixa descontado, o consultor e o auditor, que trabalham em conjunto nessas avaliações, adotam vários proce-dimentos de avaliação e de auditoria. Um procedimento, por exemplo, seria a revisão de como a empresa chegou a cada um dos valores do seu orçamento de caixa para os próxi-mos dez anos. Ainda, para confirmar essa tendência futura, é feita uma auditoria dos últi-mos três anos para se ter certeza de que os valores informados pela contabilidade nesse período estariam corretos. Nesse trabalho de auditoria do passado, são obtidas inúmeras informações para que o avaliador possa também confirmar as projeções futuras. Outros aspectos que o trabalho de auditoria e avaliação levam em consideração se relacionam com as contingências ativas e passivas, principalmente estas últimas que reduzem o preço de partida. Quando se faz essa auditoria do passado, o auditor procura se certificar também de que os saldos atuais, que serão os saldos iniciais do fluxo de caixa ao qual será somado o valor dos fluxos futuros, são corretos. Da mesma forma que o fluxo de caixa futuro, esses saldos iniciais serão trazidos a valor presente, utilizando-se por exemplo a sistemática adotada para a contabilidade pela correção integral.

O consultor procura também se certificar das projeções da empresa utilizando-se de infor-mações externas, de terceiros. Uma fonte importante, por exemplo, é a tendência da histó-ria das empresas concorrentes, e como essas empresas estão vendo o futuro. Outra fonte externa importante também é o setor que a empresa opera. Ou também os órgãos de clas-se ou o governo, ou as empresas congêneres do exterior. Considerar também a tendência de mercado é algo muito importante. Por exemplo, avaliar o preço de uma empresa fabri-cante de aparelhos de fax de mesa é algo impossível, pois essas empresas já estão entran-do em decadência, já que o fax de mesa está sendo substituído pelo fax via computador ou pela própria internet. É a mesma coisa de um fabricante de aparelhos de telex ou de máqui-nas de escrever: são máquinas recentes, mas que já viraram museu.

Toda essa pesquisa tem por objetivo permitir ao consultor formar uma opinião sobre o negó-cio e sobre as suas perspectivas futuras, cujo único objetivo é o de confirmar as cifras que foram projetadas no fluxo de caixa. Aliás, esse fluxo de caixa é que será a base para deter-minar o valor da empresa para fins de negócio entre comprador e vendedor.

A gravata do contador


O nosso país aflui para a modernidade, para a globalização.... Mas mantém uma de suas tradições no que tange à apresentação. E este agouro não mudará. Porque faz parte da cul-tura de um povo. Faz parte da forma como as coisas são vistas. É o que aparece para o povo. E isto é factual. Trata-se da apresentação do Contador. Da forma como se veste no seu dia-a-dia. Infelizmente, muitos profissionais não dão o valor devido a este algo tão importante. Assim, nessa linha de raciocínio, hoje conversaremos sobre esse algo, que é mais ameno e nada técnico. Mas extremamente importante para qualquer profissional. Fa-laremos somente para os Contadores e Técnicos em Contabilidade, ou seja, somente para os profissionais da contabilidade. Falaremos sobre a postura do profissional da contabilidade. Mas isto é um ingridiente importante para qualquer profissional, seja ele contador, médico, advogado, dentista etc. etc. Seja quem for. É a forma de postura do profissional. A forma como ele se apresenta para o seu cliente, ou para o público em geral. Nota-se: a primeira impressão é a que sempre fica. A última impressão será aquela que permanecerá viva na memória do cliente ou do povo. E o nosso país valoriza quem se apresenta bem vestido, e o terno e gravata em alguns casos é tradição. Para nós da área financeira, por exemplo, é o caso.

Porque será que todo médico ou dentista se apresenta sempre de roupa branca? Dificilmen-te você vai a um hospital e vê um médico com barba por fazer. E sempre quando você vai a um hospital, você encontrará desde a recepcionista até o enfermeiro de uniforme branco... Ou então você encontrará todo o pessoal da faxina de uniforme ... Será porque é bonito? Ou será a forma de se portar, a forma de postura !!! Acredito que estamos falando de uma tradição, que inclui a forma profissional que o médico se apresenta para o seu cliente. Aí, meus caros colegas, o médico impõe respeito, impõe presença, impõe postura, impõe, enfim, a presença de um profissional. E é até chamado de doutor. Falando isso, não queremos fazer a apologia do profissional médico.

E por que tem que ser diferente com os contadores? A profissão é a mesma comparativa-mente, todas são profissões de nível superior, o tempo de faculdade é praticamente o mes-mo, as escolas são as mesmas, o que muda é somente a profissão. O resto, é tudo igual. Nada é diferente. O que diferencia, contudo, é o respeito, é a postura, o conhecimento e a presença que o profissional ou a classe impõe. Precisamos estar onipresentes. É isto que diferencia ... É isto que marca a diferença, e que impõe respeito profissional. É tudo isso, aliado ao conhecimento técnico, que não se discute, que se subentende que faz parte da essência do profissional. Nada mais. Isto significa respeito, presença, atitude etc. Porque será, por exemplo, que o público respeita o auditor de forma diferente às vezes do contador da empresa? Porque será? Ambos são contadores. A razão é simples: Não sei se você já observou, mas os auditores sempre se apresentam de terno, impecavelmente bem vestidos, barba feita, camisa impecável etc. etc. E todos o respeitam como um profissional. E todos acham que ele ganha muito dinheiro. (Se ganham eu não sei...). Mas o profissional das empresas de auditoria se impõe pela presença, pela forma de se vestir, de se portar. Até mesmo o trainee – que é um iniciante na profissão - se impõe pela presença. Porque se veste bem, se apresenta bem, se comporta de forma diferente ...

E esta, meus caros colegas, deve ser uma das razões porque a classe muitas vezes não se impõe. Muitas vezes, alguns dos profissionais da contabilidade não se vestem bem, não se apresentam com a gravata do contador, se apresentam ao cliente com a barba por fazer, muitas vezes não usam terno, às vezes também pecam pela falta de conhecimento geral que resulta da leitura de livros, jornais e revistas. Muitos dos nossos colegas não lêem um livro ou revista por mês. Às vezes, não fazem isso em um ano inteiro. Às vezes, com essa falta do impor, faltam-lhe muitas vezes o respeito do cliente. Este cliente que não vê o seu con-tador como o seu parceiro, mas em geral o vê apenas como um empregado a mais em sua empresa. E não como um profissional.

Talvez, você poderá não receber bem estas poucas palavras. Mas se esses comentários lhe são aplicáveis, se você mudar de postura e passar a enxergar as coisas diferentes, e se apre-sentar bem, se estudar legislação, princípios contábeis (é desejável conhecer bem excel e word), e ter um bom conhecimento geral, você verá que o mundo ao seu redor mudará. E você passará a ser um profissional respeitado, além de ganhar mais dinheiro. Porque com-petência e profissionalismo se traduzem em dinheiro. Não podemos procrastinar essa atitu-de profissional.

A nossa profissão tem pessoas competentes. É uma profissão que participa do crescimento e do desenvolvimento do nosso País, do qual todos nós, contadores, somos parte integrante. Portanto, todos nós temos a obrigação de contribuir para o seu crescimento e respeito pro-fissional. Ou então estaremos fadados a um futuro fatídico.

A carreira do auditor


Entre as diversas especialidades da profissão do Contador, a auditoria é uma das mais fascinantes e que oferece ao jovem profissional desafios e mais desafios, além de ser empolgante. É uma das carreiras que mais a-prendizado coloca à disposição do jovem iniciante. Normalmente, as em-presas de auditoria, ao recrutarem o auditor trainee para iniciar na profissão de auditor e consultor, se dirigem às faculdades de ciências contábeis, onde oferecem as suas vagas para aquele ano. Os estudantes-candidatos necessitam já terem cursado um mínimo de 300 horas de matérias de con-tabilidade, ou já terem cumulativamente concluído o curso de técnico em contabilidade e estarem cursando ciências contábeis. Estes jovens passam então por uma bateria de testes, começando por um pesado teste psicológico que tem por objetivo verificar se o candidato tem potencial para cargo, avaliando as suas aptidões de raciocínio matemático, habilidade verbal, quociente de inteligência, português, condições de trabalho sob pressão e relacionamento interpessoal, entre outros. Os aprovados nesta primeira etapa são então convocados para testes de dinâmica de grupo, quando um grupo de jovens, em geral em torno de doze, são colocados em uma mesa redonda para discutirem entre si diversos assuntos de natureza geral, cujos objetivos são os de avaliar na prática o potencial de como o jovem se comportaria em diversas circunstâncias perante um grupo, no que tange a liderança, coordenação, comportamento nas diversas situações quando é questionado etc. Após ser aprovado em todas essas fases, então o candidato é submetido a uma longa entrevista individual, em geral com uma psicóloga, um gerente e um ou dois sócios da empresa. Aí é que então são escolhidos os novos trainees que ingressarão na nova e desafiante carreira de auditor. É dada a preferência ao candidato que se habilite nos testes e que tenha inglês fluente.

Admitido na empresa de auditoria, o trainee passa por um treinamento de cerca de um mês em sala de aula onde receberá as noções básicas de con-tabilidade, aspectos fiscais, informática e uma introdução de auditoria. Terminado esse treinamento, o auditor iniciante começa a receber em se-guida um treinamento no campo, isto é, nas dependências do cliente, dire-tamente do senior. Dois meses depois, ele retorna para três semanas em sala de aula para receber, aí sim, os primeiros ensinamentos sobre a auditoria em si para, em seguida, receber também mais um período de treinamento em campo. Após seis meses de intensivo treinamento, esse trainee então deixará de ser um trainee para então ser um assistente de auditoria, quando então de fato estará efetivamente começando na profissão de auditor.

Poder-se-ía questionar porque as empresas de auditoria investem tanto no recrutamento e no treinamento dos novos auditores? A razão é muito simples: Essas empresas são em geral “empresas de trabalho”, e os re-cém-admitidos hoje serão os futuros sócios da empresa, quem darão conti-nuidade ao negócio no futuro e assegurarão a continuidade do negócio. Portanto, esses jovens serão os futuros sócios da empresa, e são eles quem gerarão lucros no futuro para pagar a aposentadoria dos atuais sócios que os estão admitindo.

Admitido na empresa, em regra geral o novo auditor passa quatro anos como trainee e assistente de auditoria, três anos como senior - senior é o chefe da equipe de auditores e quem comanda o trabalho nas dependências do cliente -, um ano preparando-se para ser gerente de auditoria, cargo este que ficará em torno de seis anos, mais dois anos como Diretor para então se tornar um dos sócios da empresa, para então comandá-la para o futuro. Em toda essa trajetória da carreira, o auditor recebe treinamento, mediante um plano anual de formação profissional, seja com treinamento interno ou externo. Mas é no seu dia-a-dia que o auditor tem contacto com as mais variadas empresas e os mais diversos problemas. Hoje, ele estará auditando um banco, revisando o seu fluxo de documentação, os seus controles internos, a aplicação das normas exigidas pelo Banco Central, conferindo a contabilização das mais diversas operações; amanhã, esse mesmo auditor estará trabalhando em uma empresa siderúrgica, acompanhando uma con-tagem de estoques de chapas grossas e de chapas finas, ou mesmo confe-rindo se as vendas foram efetuadas aos clientes nas melhores condições, e se os impostos sobre essas vendas foram corretamente recolhidos. Também, poderá estar pesquisando para o seu cliente a melhor forma de criar um novo negócio, e de implantar todos os controles necessários ao seu funcionamento. Ou então poderá estar atendendo a um novo cliente es-trangeiro que deseja investir no Brasil. Tudo isso é desafio para o pro-fissional da carreira de auditor. Na realidade, a carreira empolgante de auditor é um investimento constante em si, desde o conhecimento básico até o aprimoramento profissional. E esse profissional estará recebendo uma formação que profissão nenhuma lhe dá. Por tudo isso, jovem colega universitário: Não se esqueça de avaliar, ao escolher a sua especialização na contabilidade, a profissão de auditoria. O seu desafio já começa por aí.

Está o Brasil no caminho certo?


Porque o Brasil está dando certo? Este é o questionamento que muitos fazem e não conseguem encontrar uma resposta factível. Todavia, ao olharmos os números da economia e a reserva monetária do Brasil, logo vamos encontrar um sinal de prosperidade. Reservas monetárias nada mais são do que aquilo que temos no caixa para gastar. Ou seja, a sobra das entradas e saídas de recursos, depois do pagamento dos juros da dívida.

Não bastasse isto, temos ainda uma democracia funcionando com a estabilidade das instituições, o que demonstra a seriedade com que o governo central vem tratando este tema. Além do mais, todos sabemos que o Lula soube fazer algo muito inteligente: Recebeu um país em boas condições de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e deu continuidade à sua política econômica. Enquanto faz política, seus ministros trabalham. E nisto o Presidente da República acertou. Escolheu bons auxiliares na área econômica. Com esta prática, o país continua estável, crescendo razoavelmente, mas em ritmo firme. Além do mais, não deixou que o dragão da inflação retornasse. Com uma política monetarista, tendo como meta principal o controle da inflação, manteve os juros altos e com isto fez com que o país não voltasse aos anos passados em que a inflação assustava todos nós e parecia algo sem solução.

O presidente Lula vem então mantendo a estabilidade econômica, gerando empregos e principalmente ajudando os menos favorecidos. É lógico que o seu governo tem também os seus defeitos. A máquina administrativa está cada vez mais inchada, fazendo com que o emprego público passasse a ser algo invejável, seja pelos altos salários, seja pela estabilidade assegurada ao longo da vida. Assim, muitos jovens que se formam hoje se debruçam nos livros para fazerem concurso, seja de qual área for. Ou seja, ser empregado público se tornou algo invejável.

O Brasil não sentiu os efeitos da crise, tal qual vários outros países como os Estados Unidos. Por quê? Porque o Brasil optou pelo caminho do “pisar no acelerador”, ao invés de “pisar nos freios”. As obras do PAC transformaram o Brasil em um canteiro de obras. Todo lado para aonde vamos encontramos obras de peso, tal qual na Índia e na África, outros dois outros locais do mundo com crescimento invejável. E todos sabemos que a economia anda pela movimentação da bola que cresce toda vez que rola. Ou seja, o crescimento gera crescimento.

Assim, podemos dizer que o Brasil é um país emergente que se destaca no cenário nacional. É por isto que o governo precisa de taxar o dinheiro que chega para aplicar nas bolsas, de forma a conter a valorização excessiva do Real. Os investidores estrangeiros chegam a cada momento à procura de novos parceiros e novos negócios, gerando empregos e ativando a economia. E, ademais, o Governo Lula demonstrou ao longo dos anos que o Brasil está se tornando um país sério, cumpridor dos contratos, e respeitoso para com aqueles que aqui vêm para transformar este país em dos mais promissores do mundo. O Brasil está no caminho certo, sem volta. Esperamos agora que o sucessor do Pres. Lula dê continuidade a essa política, fazendo com que a economia continue a girar, gerando empregos e melhor condição para todos nós brasileiros.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Planejamento Tributário


O planejamento tributário faz parte do elenco de funções e responsabilidades do Contador da empresa, e a iniciativa dessa providência lhe cabe por ser ele a pessoa que conhece as contas da empresa, a sua vida íntima, o seu futuro, as confidências etc. etc. O Contador é como o médico de família: Conhece todos da família, a saúde de cada um, e é o profissional responsável por cuidar da saúde de todos e mantê-la boa com os seus conselhos, as suas sugestões de medicamentos, as suas intervenções, e assim por diante. Da mesma forma é o Contador na empresa: Ele é o responsável por registrar os acontecimentos da empresa em suas contas, cuidar dessas contas para que sejam bem feitas e conciliadas, avaliar as contas em seu conjunto e mostrar aos seus donos sobre as perspectivas de futuro, as correções a serem feitas nos negócios, avaliar os custos por área de negócio, e sugerir como reduzi-los, bem como analisar a qualidade dos negócios, enfim .... Quem é este super-homem da empresa? É o médico da empresa, é o seu Contador, que tem sob a sua responsabilidade todas essas funções. É um dos cargos mais importantes dessa empresa, desde que exercido em toda a sua plenitude e com competência.

E, assim, esse médico de família quem deve cuidar de um aspecto importante da empresa: O custo dos impostos. Aliás, este é um dos mais importantes custos da empresa, que deve ser tratado com todo o carinho. E o que deve fazer o Contador? Primeiramente, ele deve orientar a empresa no sentido de recolher corretamente e nos prazos os seus impostos, além de cumprir todas as obrigações que a lei assim o exige. Mas compete a esse Contador, ao cumprir todas essas obrigações, fazê-la com o menor custo possível. É aí, então, que entra o planejamento tributário, que nada mais é do que utilizar-se da criatividade para pagar corretamente os impostos, mas pagar o menos possível. Por exemplo, muitas vezes é melhor recolher os impostos durante o ano com base no lucro estimado (presumido) e, no final do ano antes de entregar a declaração do imposto de renda, optar pelo lucro real, conforme permite a lei, podendo assim economizar impostos. Outras vezes, é melhor incentivar aos funcionários criarem uma cooperativa, fazer um comodato dos equipamentos para essa cooperativa, e pagar o seu pessoal através dessa sociedade, onde o custo será bem menor e, assim, pagar melhor o pessoal, dividindo com eles a economia proporcionada. Portanto, o planejamento tributário vem desde a organização da empresa, as suas atividades pelos ramos de negócio e lucratividade, para então definir qual o tipo de tributação que a empresa irá optar. Muitas vezes, terceirizar certas atividades para empresas do grupo ou para funcionários é mais vantajoso em termos fiscais do que fazê-las na própria empresa. Também, definir a forma de organização dessas empresas do grupo ou de funcionários poderá influir no custo dos impostos e, consequentemente, da atividade. Outras vezes, criar uma empresa em área de incentivos fiscais e terceirizar parte da operação é mais vantagem do que manter todo o negócio como uma única empresa. Por outro lado, um ré-arranjo societário e fiscal permite compensar prejuízos fiscais que estariam acumulados em várias empresas e poderiam não ser aproveitados.

Todas essas idéias e muitas outras, que permitem ao empresário economizar impostos, tem que ser levantadas pelo Contador da empresa. É por isso que ele precisa ser criativo, ter iniciativa, e ser inteligente para saber onde procurar e encontrar as informações que lhe permitirão reduzir os custos fiscais da empresa. E o Contador conseguirá todos esses benefícios para a sua empresa fazendo cursos de especialização, lendo jornais e revistas especializados, acompanhando o dia-a-dia das alterações na legislação, e mantendo contactos com empresários e com os colegas de profissão através dos órgãos de classe.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A globalização e a contabilidade


A globalização atualmente se apresenta como um dos grandes desafios neste fim de século e início do Terceiro Milênio. É uma mudança no mundo em todos os sentidos, é uma revolução resultante da era tecno-cêntrica. É a máquina como centro de tudo. E aí temos então esse desenvolvimento desenfreado do compu-tador com os seus reflexos na comunicação, na eliminação das barreiras entre países, na formação cultural, na vida social, no controle das empresas, na apuração de lucros e transações entre empresas; assim, o simples apertar de uma tecla transfere bilhões de dólares de um país para outro. Agora, tudo se centraliza na máquina. Temos aí, então, esse novo bicho chamado de globalização.

A globalização, como ela hoje ocorre, tem seus reflexos na vida de todos nós: Não somente no avanço do conhecimento entre os povos, na atualização técnica, mas também com os seus efeitos negativos no desemprego, na dominação das grandes corporações transacionais que, muitas vezes, poucas delas em con-junto são maiores do que vários países somados, não só em termos de faturamento, mas em termos de poder, de influência nas decisões dos governantes. A globalização não é um acontecimento dos nossos dias, já que se iniciou por volta dos séculos XV e XVI, com a expansão marítimo-comercial européia, na época do Re-nascimento. E, assim, continuou através dos séculos, porém de uma forma bem diferenciada daquela que está ocorrendo em nossos dias. E essa diferença está na velocidade e abrangência de seu processo, em escala assustadora nos dias de hoje. Mas o que chama a atenção neste momento é, sobretudo, o fato de generalizar-se em vista da falência do socialismo real. De repente, o mundo tornou-se capitalista e globalizado. Nós po-deríamos simplesmente dizer que a globalização é a eliminação das barreiras entre as nações, em todos os sentidos; é o conjunto de transformações que ocorrem na ordem política e econômica mundial. O aspecto central dessa mudança é a integração dos mercados, que passam a ser dominados por grandes empresas tran-sacionais. No modelo globalizado, os países abandonam paulatinamente as barreiras tarifárias e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. E a globalização acontece em vários sentidos.

Com a globalização, passa a ocorrer uma produção internacionalizada, as finanças passam a ser glo-balizadas, e o trabalho passa a ser internacionalizado, ou seja, é criado uma divisão do trabalho dentro das próprias empresas transnacionais. Por outro lado, a distribuição das funções produtivas não se encontra mais concentrada em um único país, mas espalhadas por vários países e continentes, cada um fabricando uma parte de um produto, dependendo das vantagens fiscais, custo de mão-de-obra e outros benefícios concedidos às empresas pelos governantes de cada país. Assim, a globalização é marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais. As empresas transnacionais atuam em vários países ao mesmo tempo, compram a melhor matéria-prima pelo menor preço em qualquer lugar do mundo, e se instalam onde os governos oferecem mais vantagens e onde a mão-de-obra é mais barata. Por outro lado, essas empresas, por possuírem um sistema de distribuição globalizado, enviam seus produtos para todos os cantos do mundo, para os lugares onde os seus lucros são maiores. E, então, essas empresas transnacionais se tornam verdadeiros impérios, não só pelo seu tamanho gigantesco, mas pela força que tem em diversos países e a flexibilidade de movimentar altos valores, muitas vezes sendo mais fortes do que alguns países.

Para se ter uma idéia do tamanho da globalização, basta mencionar a formação de blocos entre alguns países, feita para aumentar o seu poder de dominação e de negociação. Esses blocos, na realidade, represen-tam um primeiro passo na globalização. Segundo um estudo do Boletim Mundo, de 1996, existem inúmeros blocos econômicos que foram criados a partir de 1957, inicialmente com a formação da União Européia, que abrange quinze países, tem a maior renda per capita de US$19.668, uma população de 372 milhões de habi-tantes, e o terceiro maior PIB de US$7.324 bilhões. Outro bloco, o NAFTA, criado em 1988, é maior. Ape-sar de abranger apenas três países, tem um PIB de US$7.568 bilhões, 391 milhões de habitantes e uma renda per capita de US$19.356. Mas o maior de todos os blocos econômicos é o da APEC, criado em 1989, que abrange 17 países e um território, tem um PIB de US$14.119 bilhões e uma população de 2,2 bilhões de ha-bitantes, mas com uma renda per capita de apenas US$6.369. Para se ter uma idéia do tamanho desses blocos, o MERCOSUL, criado em 1991, abrange apenas quatro países e tem um PIB de US$859 bilhões; são apenas 207 milhões de habitantes e uma renda per capita de US$4.140. Esses blocos agora avançam no sentido de uma unificação mais global, como por exemplo da moeda – como foi o recente caso da União Européia – para atingir outros segmentos de livre comércio e de transações e relacionamento entre os povos. Na realidade, cada país passa a ser uma pequena parte dentro de um bloco econômico que, com um forte poder de barganha, passa então a orientar as decisões de todo o bloco. Essas associações de países, em geral dentro de uma mesma região geográfica, passam então a estabelecer relações comerciais privilegiadas entre si e atuam de forma conjunta no mercado internacional. Esses blocos trazem inúmeras vantagens, como por exemplo, a redução ou a eliminação das alíquotas de importação entre os países-membro, para a criação de zonas de livre comércio. Por outro lado, os blocos aumentam a interdependência das economias dos países-membro. Nessas condições, a formação de blocos econômicos nada mais é do que um dos processos de globalização.

A flexibilidade das grandes corporações em vários espaços geográficos ao mesmo tempo aumentou com a revolução científica da eletrônica. Assim, a utilização da informática que, mediante um simples aperto de uma tecla de computador, transfere milhões de dólares da bolsa de valores de um país para outro, e assim faz a chamada especulação financeira. Se o mercado é propício, lá vão os investimentos com uma rapidez nunca vista. Portanto, a rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação, tais como compu-tadores, telefones e televisão, têm sido fundamentais para agilizar o comércio e as transações financeiras entre os países. E o maior uso da comunicação via satélite permite que notícias sejam transmitidas instantane-amente para diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes. Todavia, a compe-tição e a competitividade entre as empresas tornaram-se questões de sobrevivência. O poder das empresas no tocante ao domínio de tecnologias, de capital financeiro, de mercados, de distribuição etc. é desigual, e aí, então, surgem as relações desiguais entre elas. Algumas sairão vitoriosas e outras sucumbirão. Muitos setores da economia dificultarão a entrada de novos competidores. Desse modo, a noção de livre mercado é relativa. Muitos setores da atividade econômica já tem "dono" e dificilmente permitirão a entrada de novos produto-res. A globalização da economia e das finanças beneficia, assim, amplamente, o grande capital, as grandes corporações transnacionais. A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e alta qualidade para os seus produtos. Nessa reestruturação, estão sendo eliminados vários postos de trabalho. Uma das causas desse desemprego é a automação de vários seto-res, em substituição à mão-de-obra humana. Nos países ricos, o desemprego também é causado pelo deslo-camento de fábricas para os países com custos de produção mais baixos. A globalização da economia exige das empresas nacionais um esforço para se adaptarem à nova realidade mundial, com métodos cada vez mais apurados de administração empresarial, controle eficaz do capital financeiro, contabilidasde, novas tecnolo-gias, baixos custos de produção, mão-de-obra altamente qualificada etc., requisitos que elas nem sempre são capazes de possuir. E aí, então, temos a concorrência desigual.

Inserido nessa nova conjuntura, nessa nova ordem econômica, o Brasil fez a abertura econômica para o exterior, tem aplicado a política de privatizações e empenha-se em desregulamentar sua economia, oferecendo vantagens às transnacionais para que aqui se instalem. O desafio que esse quadro nos impõe é o de definir uma política de controle da ação dessas corporações e dos capitais de curto prazo, principalmente daqueles que possuem enorme poder econômico e político, e centro de decisão no exterior. Por outro lado, no contexto de um país subdesenvolvido, os efeitos da globalização têm sido desastrosos. Um exemplo ilustrativo foi o ocorrido com o México, que viveu sua pior crise financeira em 1994. O país adotou toda a receita do FMI, mas, de um dia para outro, bilhões de dólares de capital especulativo foram transferidos de suas bolsas de valores para outras praças e, assim, a crise financeira resultante teve conseqüências drásticas. O Brasil, a título de mais um exemplo, se não tivesse agido rápido no início de 1999, teria tido uma das maiores crises de sua história que, felizmente, foi controlada mediante políticas rígidas adotadas de elevação das taxas de juros, liberação de câmbio, entre outras.

E, assim, de repente, vamos ouvir no rádio que a empresa tal estará encerrando todas as suas operações no Brasil e se transferindo para a África, onde o custo da mão-de-obra é a metade. Ou veremos países terem, de repente, um batalhão de desempregados em contradição com outros que passam a ser modelos de agressividade econômica, por terem custos baixos e receberem inúmeros investimentos das empresas transa-cionais. Por outro lado, já assistimos o poder das grandes corporações mundiais que tem sede em um país e grande parte de suas unidades em diferentes outros países, produzindo parte dos componentes em diversos locais, fazendo com que o custo total de produção final seja baixo e gerando um aumento de produtividade e de competitividade nunca antes vistos. Assim, a força dessas corporações e sua atuação geográfica estão mudando o enfoque da economia. Anteriormente, quem tomavam as grandes decisões econômicas eram os governos. Hoje, essas decisões estão sendo tomadas pelas grandes corporações que passaram a decidir basi-camente o que, como, quando e onde produzir os bens e serviços utilizados pelos seres humanos. Por outro lado, os governos não conseguem mais deter o movimento do capital internacional e estão perdendo o contro-le sobre a política econômica interna. A crise do México é o exemplo mais marcante dessa perda de controle. Os governos também estão perdendo a capacidade de proteger o emprego e a renda das pessoas. Se um país estabelece uma legislação que protege e encarece o trabalho, é provavelmente excluído da lista de muitos projetos de investimento. Há, enfim, uma perda de controle sobre a produção e a comercialização de tecnolo-gia. A globalização é uma tendência do mundo moderno, principalmente através da constituição das chama-das empresas transacionais, que operam – ou passam a operar – em diversos países simultaneamente. Tem vantagens e desvantagens, mas é evidente que as vantagens superam as desvantagens, desde que exista um controle efetivo sobre a balança de pagamentos. Quando um país entra nesse esquema, é evidente que entrou em um caminho sem volta. Como aspectos positivos, podemos dizer que a globalização permite o comércio entre os países de uma forma gradual e facilitada, com tendência a caminhar para um livre comércio e, assim, eliminando as barreiras existentes. A globalização permite que os países menos desenvolvidos tenham o a-cesso imediato à tecnologia, ao conhecimento científico, aos bens de consumo duráveis ou não e a todo tipo de desenvolvimento. Naturalmente, que esse acesso tem o seu preço, mas a globalização permite que todos tenhamos acesso imediato aos mais diversos tipos de bens e de conhecimento, aumentando o nosso conforto e nos permitindo queimar barreiras no processo do conhecimento. Entre as desvantagens, cabe-nos mencionar que a globalização é uma forma de domínio dos países mais desenvolvidos onde estão localizadas as grandes corporações, principalmente na área da tecnologia e do conhecimento. É uma forma de “escravatura branca”. É também uma forma de transferência de riquezas para os países mais desenvolvidos – os exportadores -, através do sub-faturamento. E aí, então, vem a nossa pergunta para meditarmos a respeito: COMO FICA A CONTABILIDADE FRENTE A TUDO ISSO? Essa contabilidade que está encarregada de refletir os fatos, e de demonstrar a real situação da empresa nesse mundo globalizado?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Arbitragem: Uma forma rápida de solucionar pendências


Você já pensou em comprar um apartamento e incluir no contrato de compra e venda que quaisquer divergências futuras entre você e o vendedor serão resolvidas rapidamente, digamos em um prazo de até seis meses, ou antes, por uma pessoa ou pessoas escolhidas por você, comprador, e o vendedor? E que a decisão desse árbitro terá força de lei entre as partes, valendo como se fosse uma sentença judicial?

O juízo arbitral traz várias vantagens em relação à Justiça comum. Primeiramente, temos a celeridade do processo. Um processo dessa natureza tem que ser resolvido no prazo máximo de seis meses, a partir da instituição da arbitragem, contrariamente à Justiça comum em que um processo poderá demorar anos-e-anos. Por outro lado, se as partes desejarem uma solução em dois meses, desde que o prazo seja viável, dessa forma neste prazo as partes terão em mãos a sentença arbitral. Outro aspecto importante diz respeito à escolha do árbitro ou árbitros. As partes contratantes têm o direito de escolher livremente os árbitros, sempre em número ímpar. Assim, poderão escolher livremente um só árbitro ou três ou cinco, ou mais. Mas sempre em número ímpar. Este aspecto é diferente da Justiça comum, quando o Juiz será escolhido pelo critério de sorteio.

Outro aspecto importante seria no sentido da confidencialidade do processo. Na Justiça comum, como todos sabemos, o processo é público, exceto os processos de família e alguns processos de natureza reservada. Assim, se duas empresas estão divergindo a respeito da interpretação de determinada cláusula contratual, mas não desejam que o assunto seja exposto ao público, o Juízo arbitral se constitui em uma excelente opção, sem falar no aspecto da rapidez.

Mas, poderíamos perguntar, quais os assuntos que podem ser objeto de opção pelo Juízo arbitral? E quem pode fazer esta opção? O Juízo arbitral pode ser escolhido somente pelas pessoas capazes e maiores, e somente poderá versar sobre litígios que envolvam direitos patrimoniais disponíveis. Assim, de acordo com o novo Código Civil, são incapazes os menores de dezoito anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os excepcionais, que tenham o discernimento mental reduzido ou sem desenvolvimento, os pródigos, entre outros. Por outro lado, bens patrimoniais indisponíveis excluem, por exemplo, os crimes contra a sociedade, os assuntos de família, entre outros. Portanto, pode ser objeto de escolha pelo juízo arbitral os negócios de compra e venda de apartamento, o contrato de constituição de uma sociedade, a discussão sobre o valor de indenizações trabalhistas, o fornecimento de uma determinada mercadoria a um cliente. Existem regras específicas a respeito dos contratos de adesão, que são aqueles contratos-padrão que geralmente as lojas se utilizam para vender mercadorias, ou seja, são aqueles contratos que geralmente já vem impressos pela gráfica e que a parte mais fraca não pode alterá-lo.

As partes contratantes podem escolher o momento de fazer a opção pelo Juízo arbitral. Assim, ao elaborarem um contrato, as partes podem incluir uma cláusula compromissória que é uma cláusula incluída no contrato, através da qual as partes se comprometem a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir em relação ao contrato. Essa intenção poderá ser incluída em documento apartado. Geralmente, nesta cláusula pode-se optar desde logo pelo árbitro e seu substituto, ou pode-se definir como será feita a escolha dos árbitros. Mas a escolha pode ser feita posteriormente, inclusive em relação a um processo que esteja sendo discutido na Justiça.

Em Minas, o instituto da arbitragem tem evoluído muito, principalmente com a criação da CAMARB - Câmara de Arbitragem de Minas Gerais, uma entidade independente formada por vários organismos de classe (site www.camarb.com.br).

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A hora da onça beber água


Todas as profissões estão passando por uma profunda reformulação. Novos conceitos, novas teorias, novas descobertas, enfim, muito novo frente aos meios de comunicação cada vez mais rápidos. Telex e fax já são coisas do passado. Hoje, fala-se em e-mail, comunicação via satélite, home page, enfim, fala-se em rapidez em tudo. Os vendedores viajantes já não mais precisam aguardar o fim de semana para retornar à casa matriz e entregar os dados da semana para serem emitidos os pedidos, para conferir se o cliente pagou aquela duplicata atrasada etc. Hoje, o vendedor faz uma conexão telefônica com o seu notebook em onde estiver, acessa-se o computador central, e pronto: todos os dados da empresa já estão em sua frente, devidamente atualizados. Assim, ele pode cobrar contas atrasadas, aumentar o crédito do cliente, enfim, um gerenciamento perfeito, on line. Nada como o vislumbrar dessa rapidez, a satisfação que tudo isso dá.

Na contabilidade, nada está diferente. Novas técnicas estão à disposição de todos nós. Pela internet, podemos entrar no site do AICPA – o Instituto Americano de Contadores e ver todos os pronunciamentos que estão sendo emitidos, que estão em discussão, qual a tendência das novas opiniões dos contadores daquele país. Ou podemos ir no site do Conselho Federal de Contabilidade e termos de pronto todas as resoluções que estão em vigor, e tudo que está sendo feito pela nossa profissão. Podemos saber quais os novos congressos que teremos nesse ano, a data, o local, enfim, tudo o que possa nos interessar. Ou ainda podemos ir no site do IASC – o organismo internacional que emite normas de contabilidade válidas para a maioria dos países do mundo inclusive o Brasil, e conhecer qual é a tendência daquele órgão mundial de contabilidade, e qual a propensão da nossa profissão.

E a par de tudo isso, uma grande mudança está sendo feita em nossa profissão no Brasil: São as alterações que estão sendo feitas na legislação contábil, cujo objetivo final é o de retirar da norma contábil o poder legiferante de fixar princípios contábeis, e transferir essa atribuição para os contadores. E para dar esse grande passo, alterações estão sendo feitas nas práticas contábeis, na forma de registrar ativos e passivos, e na forma de divulgar os balanços das empresas.

Novas demonstrações estão sendo feitas, como a Demonstração do fluxo de caixa, a Demonstração do valor adicionado, e informações e quadros analíticos, tais como o balanço social, entre outros. Novas informações estão sendo requeridas para inclusão em notas explicativas relacionadas com leasing, contexto de operações em que se desenvolve a empresa, entre outros. Novas formas de contabilização passarão a ser requeridas, como por exemplo, forma de registrar os contratos de leasing, novas taxas de depreciação em função de vida real ao invés de taxa fiscal. Ou mesmo, a criação de grupos de contas como o circulante e o não circulante, o intangível, os resultados não realizados para registrar lucros economicamente disponíveis em sociedades controladas e coligadas mas financeiramente não disponíveis para a investidora. Ou ainda, a eliminação de grupos de contas como o de Resultado de exercícios futuros, o Permanente, ou a proibição de se fazerem reavaliações de ativos.

Tudo isso é coisa nova. É novidade em um mundo novo cheio de apreensões e incertezas. São alterações muito importantes que mudarão a nossa vida e a vida das empresas, os seus resultados, e os lucros que os acionistas recebem. Estamos aqui falando da velhinha aposentada dos Estados Unidos que aplicou o seu dinheiro em um fundo de previdência que, por sua vez, comprou ações do capital de uma empresa brasileira ....

E nós, contabilistas, o que temos feito para ficarmos a par de tudo isso? Temos lido revistas especializadas, temos participado de cursos, de seminários ... Temos enfrentado novos desafios, novos cursos de atualização ou de pós-graduação, ou mestrado? ... Enfim, estamos nos mexendo, estamos convictos de que queremos ser profissionais de ponta, de primeiro nível, cientes de nossa responsabilidade e do nosso compromisso para com a nossa profissão, com a sociedade, ou estamos esperando a hora da onça beber água. Temos que ser profissionais atuantes, eficientes, de alto nível. Temos que deixar o comodismo da novela Viver a Vida, e aproveitarmos esse tempo disponível para lermos, para nos atualizarmos, enfim para sermos profissionais capazes e orgulhosos de ser Contabilistas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O bom senso e a contabilidade


A contabilidade é uma ciência que deve refletir todas as transações de uma entidade (em-presa), de forma a ser possível apurar o seu resultado de um determinado período, bem co-mo identificar em qualquer momento qual é o valor dos bens e direitos da empresa e de suas obrigações. Dessa forma, a contabilidade não só registra fatos, mas controla os negó-cios, e informa a todo momento quais os bens que a empresa tem, quando foram adquiridos, por quanto tempo já foram usados, ou informa quanto a entidade deve ao fornecedor fulano de tal, quais as remessas de mercadorias que foram feitas, o vencimento de cada nota fiscal etc. etc. Portanto, contabilidade é fonte de informação, é o local aonde deveremos dirigir-nos sempre para obter dados para o orçamento anual, é de onde saem as informações para o fluxo de caixa, e assim por diante.

Mas a contabilidade, em sua tarefa de registrar e de ser fonte de informação, precisa trazer no seu bojo a figura do bom senso. Isto quer dizer que a contabilidade precisa ser dinâmica, ser flexível e se adaptar às mais diversas condições. Mas essa aceitação não pode ser algo cego. Todavia, a contabilidade simplesmente não pode aceitar mudanças, simplesmente pelo fato de que essas mudanças vem de fulano ou de beltrano. Mudanças precisam ser discutidas para serem acatadas.

Se não vejamos um exemplo: Com a inflação muito alta, o reconhecimento da correção monetária como um item de receita e de despesa resultante da correção do balanço passou a ser um princípio contábil geralmente aceito pela comunidade empresarial e pelos contadores. E essa correção monetária foi reconhecida na contabilidade por mais de trinta anos, seja pelo caminho quando se corrigia apenas o ativo imobilizado, seja apenas pela correção monetária do capital de giro, ou pela correção monetária das contas do ativo permanente e do patrimônio líquido. Até então finalmente passar pela correção integral de todas as con-tas do balanço, trazendo todas elas a valor presente, inclusive o resultado. Agora, com a inflação em baixa, a contabilidade, no seu papel de reconhecer a mudança dos tempos, pelo bom senso deixou de reconhecer essa inflação que se tornou tão pequena que não mais fazia sentido. Ou seja, os princípios contábeis mudam com os tempos e a eles se adaptam. Portanto, em seu papel dinâmico, a contabilidade é mutável, conforme muda a economia.

Nesse papel também de bom senso, a contabilidade reconhece mutações econômicas decor-rentes de valorização ou desvalorização de atividades econômicas. Exemplo disso no Brasil é a mudança ocorrida no mercado de imóveis. Até há algum tempo atrás, investíamos nossas sobras de caixa, nós pessoas físicas e jurídicas, em imóveis. Os imóveis eram de fato, economicamente falando, tratados como reservas de valor. Isto quer dizer, era caixa, e trazia a rentabilidade de boas aplicações. Agora, com a estabilização da moeda, os imóveis perderam esse atributo de ser reserva de valor e passaram a ser tratados como mercadoria. E os seus preços caíram assustadoramente. A contabilidade então passou a reconhecer esse efeito mediante uma desvalorização (perda), para trazer o seu valor àquele de mercado.

Fazendo todo esse trajeto para ser dinâmica, a contabilidade cumpre o seu papel de ser fon-te de informação, de registrar todas as mutações da empresa utilizando-se do bom senso, sendo flexível e ajustando-se às influências mais diversas.

E nós, contadores, precisamos estar no ápice para antecedermos a todas essas situações e mudanças, de forma que a contabilidade de fato cumpra o seu papel.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Valorização profissional


No dia-a-dia de nossa vida profissional de auditor e consultor, você tem contactos com as mais diferentes pessoas do ramo empresarial e a conversa gira, além dos assuntos profissionais como é natural, em torno de amenidades, o que torna a profissão ainda mais interessante. Na semana passada, um empresário falando sobre como cada um deveria valorizar o seu negócio, contou o seguinte causo: Tinha um fazendeiro que aplicou a tecnologia na sua fazenda, e os seus negócios iam muito bem, apesar da crise que todo mundo vinha passando. Certo dia, um fazendeiro vizinho seu, cujo negócio não ia bem, chegou em sua fazenda e lhe perguntou: Olha, Fulano, como vão as coisas? Ora – respondeu ele – muito bem. Depois que eu comprei esse cavalo, o meu negócio vai muito bem. Ele só me tem dado sorte, aliás muita sorte. Esse cavalo é o meu guia ... É o meu ídolo. E o vizinho olhou e viu então o cavalo. De fato, era um cavalo muito bonito, de aparência vistosa, elegante na forma de ser e de andar e de marchar. Dias depois, chegou um outro vizinho e, então, a história se repetia. E foi-se repetindo daí para frente. E todos os vizinhos estavam entusiasmados com o cavalo. Até que um dia, um deles, acreditando que o cavalo realmente era o enigma da sorte daquele fazendeiro, lhe perguntou: Você não vende este cavalo? E ele então respondeu: Não, só se for por muito dinheiro. E o vizinho foi embora. Acontece que esse vizinho, então entusiasmado com o cavalo, vendeu um apartamento na cidade e, então, procurou o fazendeiro: Quanto é que você quer no cavalo? Ah, eu não vendo. Olha, eu vendi um apartamento e quero comprar esse cavalo. Eu dou trezentos mil dólares pelo seu cavalo. O fazendeiro pensou, pensou e disse: Bom, por esse preço, eu fico triste, mas eu vendo o meu cavalo. E então negócio fechado. E o fazendeiro levou o cavalo...

Meses depois, ele voltou até a fazenda do antigo dono do cavalo e então lhe disse: Olha, eu levei o cavalo, estou tratando dele com ração importada, da melhor qualidade, muito cara. Ele está bonito, está gordo, vistoso ... Mas os meus negócios não melhoraram. Aquele cavalo não presta!!! O fazendeiro então disse: Olha, se você não acreditar que o seu cavalo é bom, e mudar a tecnologia do seu negócio, ninguém vai te pagar dinheiro algum por ele. Você tem que valorizar o que é seu, se não fizer isso, quem o faria? Diz para todo mundo que o seu cavalo é bom, aprimore a sua tecnologia, e invista no seu negócio. Se você não acreditar que o seu cavalo é bom, você quer que o seu vizinho acredite?

Meus caros colegas de profissão: A história é simples, mas ela se aplica à maioria de nós. Muitos de nós não acreditamos que temos um bom cavalo. Achamos que o nosso serviço não vale o que estamos cobrando, desmerecemos o nosso mérito cobrando barato pelos serviços que prestamos. E assim aviltamos o preço de nossos serviços e, por consequência, alvitamos os serviços de toda uma classe, prejudicando a todos.

Os honorários profissionais devem ser estabelecidos não só em função do tempo que gastamos na sua execução, mas também em função do benefício que o cliente terá. Porque, por exemplo, muitas vezes um médico faz uma cirurgia de uma hora e cobra cinco mil reais? Porque o mesmo não acontece conosco. Porque, simplesmente porque, não acreditamos no nosso cavalo.

Dizem as regras de nossa profissão (a Resolução 803/96), cujos autores muito bem acreditavam no seu cavalo:
“Do valor dos serviços profissionais
Art 6º - O Contabilista deve fixar previamente o valor dos serviços, de preferência por contrato escrito, considerados os elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a executar;
II - o tempo que será consumido para a realização do trabalho;
III - a possibilidade de ficar impedido da realização de outros serviços;
IV - o resultado lícito favorável que, para o contratante, advirá com o serviço prestado;
V - a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente;
VI - o local em que o serviço será prestado.”

Portanto, todos nós, contadores, deveremos acreditar em nosso cavalo e valorizá-lo. Se nós não o fizermos, quem o faria por nós? Precisamos valorizar a nossa profissão, o nosso cavalo. Assim, deveremos cobrar um preço justo para fazer a contabilidade de uma empresa, ou para responder uma consulta do cliente seja ela contábil ou fiscal ou de outra natureza, ou para fazer uma auditoria, ou uma perícia. Deveremos cobrar também pela nossa responsabilidade que é envolvida no assunto. Ou às vezes também deveremos cobrar pelo risco de associar o nosso nome com determinado cliente. E deveremos cobrar um preço, não somente levando em consideração o tempo gasto, mas também o benefício que o cliente terá com a solução que lhe dermos para o seu problema. E porque não? Quando você encontra um médico “seu amigo” e lhe consulta, ele normalmente pede a você para marcar uma consulta em seu escritório para “estudar e examinar melhor o assunto”. E então ele lhe cobra a consulta. Com o advogado é a mesma coisa. Porque conosco, contadores, tem que ser diferente? Porque o médico valoriza o seu cavalo, o advogado faz o mesmo, e porque nós, contadores, não o fazemos? O preço do cavalo depende de nós acreditarmos no quanto ele vale e então cobrarmos. Portanto, caros colegas, vamos valorizar a nossa profissão, o nosso trabalho, e o nosso cavalo. Se nós não o fizermos, quem o faria por nós? A resposta é simples: Ninguém.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Quanto vale sua empresa?


Determinar qual o valor de uma empresa é algo complexo e difícil, mas não impossível. Quanto vale, por exemplo, a Petrobrás e todo o seu complexo de empresas controladas e coligadas dos mais variados ramos? Pergunta simples e direta, porém cuja resposta não é tão simples o quanto parece à primeira vista. Quanto vale uma rede de supermercados, por exemplo, o Carrefour? Ou quanto vale uma lanchonete na Praça Sete, por exemplo? Ou quanto vale o Conglomerado BEMGE que agora está por ser privatizado?

Todas essas perguntas levam o leitor a pensar como é possível calcular o valor de um ne-gócio desses? Teoricamente, cada “negócio” vale, em princípio, o montante do patrimônio líquido apurado pelo balanço da empresa ajustado pelos ativos e passivos a valor presente acrescido da mais ou menos valia dos estoques e do imobilizado, mais ainda o valor do ativo intangível que não está contabilizado que é o fundo de comércio, deduzido das contingências certas e um percentual das contingências prováveis. Esse seria então o valor teórico da empresa, à vista. A prazo, esse valor seria então acrescido dos juros de uma aplicação financeira.

Essa é uma forma simplista de calcular o valor de um negócio, mas é um critério utilizado quando não se tem história do negócio ou orçamentos projetados de anos futuros com forte margem de certeza. Mas existe uma outra forma mais técnica de calcular o valor de uma empresa. Trata-se da sistemática de fluxo de caixa descontado. Com base neste critério, a empresa vale o montante que ela pode gerar de lucros futuros, que seriam descontados a valor presente. Em outras palavras, o valor da empresa seria determinado com base no fluxo de caixa futuro (a soma das sobras futuras de caixa) que a empresa irá gerar, descontado a valor presente. Assim sendo, na conformidade com esse raciocínio, o montante do fluxo de caixa futuro será igual à diferença entre os ativos e passivos que a empresa tem hoje, que seriam acrescidos ou ajustados pelo valor presente dos lucros futuros acrescidos das depre-ciações e amortizações que não representam desembolso de caixa, e deduzidos das saídas de caixa. Nessa sistemática de avaliação da empresa com base no fluxo de caixa, o imobili-zado e o diferido não seriam considerados nos saldos iniciais, porque a sua geração seria anualmente considerada pelo acréscimo ao resultado da amortização do diferido e da de-preciação do imobilizado.

Os fluxos de caixa anuais assim encontrados seriam então trazidos a valor presente, e ter-se-ia então o valor do negócio à vista. Assim, ao se projetar o valor dos lucros futuros, estaria então sendo levado em consideração todo o esforço de vendas e de redução de custos, a política de negócios, de marketing, a eficiência do pessoal de vendas, ou do gerente finan-ceiro para aplicar os recursos disponíveis, ou do engenheiro de produção. O valor do fundo de comércio seria então levado nessa consideração para gerar lucros, eis porque não seria pago nada de adicional por esse fundo, em virtude de o seu benefício já estar sendo consi-derado nos lucros anuais. Todo esse esforço estaria então sendo considerado como parte dos lucros futuros. Portanto, o valor do goodwill representado pela marca, pelo fundo de comércio, pela qualidade da gerência, ou pela carteira de clientes, tudo isso já estaria sendo considerado como parte do lucro futuro. Assim, neste critério de avaliação não há que se falar em valor de mercado do imobilizado, ou em valor da carta-patente. Tudo isto já estará refletido nos lucros futuros projetados. Nessas condições, qualquer negócio só tem valor se ele puder gerar resultados. De nada adianta escritório bonito ou fábrica modelo, se isso tudo não gerar lucros. Sob a ótica do investidor, como negócio, nada vale.

Um aspecto importante a se considerar também na avaliação do fluxo de caixa é o percen-tual a ser adotado para se estabelecer o desconto a ser reduzido dos lucros futuros. Para concluirmos sobre esse assunto, vamos pensar do ponto de vista do investidor. Se um in-vestidor tem uma determinada quantia para investir, e teoricamente não quer correr risco, ele então irá aplicá-la em um fundo que lhe garanta por exemplo um retorno pelo menos igual ao CDI, hoje em torno de 20%. Neste tipo de investimento, o investidor teria o único esforço e risco de dar um telefonema para o gerente de sua conta e lhe solicitar para fazer a aplicação do seu dinheiro. Agora, se o investidor quer correr algum risco, ele então precisa-ria de uma remuneração adicional, além desses 20%. E de quanto seria então esse per-centual adicional que ele teria para correr risco. Nas circunstâncias atuais, poderíamos falar em algo em torno de um rendimento adicional de 10%. Portanto, o valor do desconto a ser aplicado aos lucros futuros seria de 30% ao ano. Essa taxa seria aplicada até atingir a per-petuidade.

Normalmente, o consultor, ao ser contratado para calcular o valor de um negócio, estabele-ce inicialmente com o seu cliente, que geralmente é o comprador, o critério de avaliação a ser adotado. Definido esse critério, que geralmente é o do fluxo de caixa descontado, o consultor e o auditor, que trabalham em conjunto nessas avaliações, adotam vários proce-dimentos de avaliação e de auditoria. Um procedimento, por exemplo, seria a revisão de como a empresa chegou a cada um dos valores do seu orçamento de caixa para os próxi-mos dez anos. Ainda, para confirmar essa tendência futura, é feita uma auditoria dos últi-mos três anos para se ter certeza de que os valores informados pela contabilidade nesse período estariam corretos. Nesse trabalho de auditoria do passado, são obtidas inúmeras informações para que o avaliador possa também confirmar as projeções futuras. Outros aspectos que o trabalho de auditoria e avaliação levam em consideração se relacionam com as contingências ativas e passivas, principalmente estas últimas que reduzem o preço de partida. Quando se faz essa auditoria do passado, o auditor procura se certificar também de que os saldos atuais, que serão os saldos iniciais do fluxo de caixa ao qual será somado o valor dos fluxos futuros, são corretos. Da mesma forma que o fluxo de caixa futuro, esses saldos iniciais serão trazidos a valor presente, utilizando-se por exemplo a sistemática adotada para a contabilidade pela correção integral.

O consultor procura também se certificar das projeções da empresa utilizando-se de infor-mações externas, de terceiros. Uma fonte importante, por exemplo, é a tendência da histó-ria das empresas concorrentes, e como essas empresas estão vendo o futuro. Outra fonte externa importante também é o setor que a empresa opera. Ou também os órgãos de clas-se ou o governo, ou as empresas congêneres do exterior. Considerar também a tendência de mercado é algo muito importante. Por exemplo, avaliar o preço de uma empresa fabri-cante de aparelhos de fax de mesa é algo impossível, pois essas empresas já estão entran-do em decadência, já que o fax de mesa está sendo substituído pelo fax via computador ou pela própria internet. É a mesma coisa de um fabricante de aparelhos de telex ou de máqui-nas de escrever: são máquinas recentes, mas que já viraram museu.

Toda essa pesquisa tem por objetivo permitir ao consultor formar uma opinião sobre o negó-cio e sobre as suas perspectivas futuras, cujo único objetivo é o de confirmar as cifras que foram projetadas no fluxo de caixa. Aliás, esse fluxo de caixa é que será a base para deter-minar o valor da empresa para fins de negócio entre comprador e vendedor.

A gravata do contador


O nosso país aflui para a modernidade, para a globalização.... Mas mantém uma de suas tradições no que tange à apresentação. E este agouro não mudará. Porque faz parte da cul-tura de um povo. Faz parte da forma como as coisas são vistas. É o que aparece para o povo. E isto é factual. Trata-se da apresentação do Contador. Da forma como se veste no seu dia-a-dia. Infelizmente, muitos profissionais não dão o valor devido a este algo tão importante. Assim, nessa linha de raciocínio, hoje conversaremos sobre esse algo, que é mais ameno e nada técnico. Mas extremamente importante para qualquer profissional. Fa-laremos somente para os Contadores e Técnicos em Contabilidade, ou seja, somente para os profissionais da contabilidade. Falaremos sobre a postura do profissional da contabilidade. Mas isto é um ingridiente importante para qualquer profissional, seja ele contador, médico, advogado, dentista etc. etc. Seja quem for. É a forma de postura do profissional. A forma como ele se apresenta para o seu cliente, ou para o público em geral. Nota-se: a primeira impressão é a que sempre fica. A última impressão será aquela que permanecerá viva na memória do cliente ou do povo. E o nosso país valoriza quem se apresenta bem vestido, e o terno e gravata em alguns casos é tradição. Para nós da área financeira, por exemplo, é o caso.

Porque será que todo médico ou dentista se apresenta sempre de roupa branca? Dificilmen-te você vai a um hospital e vê um médico com barba por fazer. E sempre quando você vai a um hospital, você encontrará desde a recepcionista até o enfermeiro de uniforme branco... Ou então você encontrará todo o pessoal da faxina de uniforme ... Será porque é bonito? Ou será a forma de se portar, a forma de postura !!! Acredito que estamos falando de uma tradição, que inclui a forma profissional que o médico se apresenta para o seu cliente. Aí, meus caros colegas, o médico impõe respeito, impõe presença, impõe postura, impõe, enfim, a presença de um profissional. E é até chamado de doutor. Falando isso, não queremos fazer a apologia do profissional médico.

E por que tem que ser diferente com os contadores? A profissão é a mesma comparativa-mente, todas são profissões de nível superior, o tempo de faculdade é praticamente o mes-mo, as escolas são as mesmas, o que muda é somente a profissão. O resto, é tudo igual. Nada é diferente. O que diferencia, contudo, é o respeito, é a postura, o conhecimento e a presença que o profissional ou a classe impõe. Precisamos estar onipresentes. É isto que diferencia ... É isto que marca a diferença, e que impõe respeito profissional. É tudo isso, aliado ao conhecimento técnico, que não se discute, que se subentende que faz parte da essência do profissional. Nada mais. Isto significa respeito, presença, atitude etc. Porque será, por exemplo, que o público respeita o auditor de forma diferente às vezes do contador da empresa? Porque será? Ambos são contadores. A razão é simples: Não sei se você já observou, mas os auditores sempre se apresentam de terno, impecavelmente bem vestidos, barba feita, camisa impecável etc. etc. E todos o respeitam como um profissional. E todos acham que ele ganha muito dinheiro. (Se ganham eu não sei...). Mas o profissional das empresas de auditoria se impõe pela presença, pela forma de se vestir, de se portar. Até mesmo o trainee – que é um iniciante na profissão - se impõe pela presença. Porque se veste bem, se apresenta bem, se comporta de forma diferente ...

E esta, meus caros colegas, deve ser uma das razões porque a classe muitas vezes não se impõe. Muitas vezes, alguns dos profissionais da contabilidade não se vestem bem, não se apresentam com a gravata do contador, se apresentam ao cliente com a barba por fazer, muitas vezes não usam terno, às vezes também pecam pela falta de conhecimento geral que resulta da leitura de livros, jornais e revistas. Muitos dos nossos colegas não lêem um livro ou revista por mês. Às vezes, não fazem isso em um ano inteiro. Às vezes, com essa falta do impor, faltam-lhe muitas vezes o respeito do cliente. Este cliente que não vê o seu con-tador como o seu parceiro, mas em geral o vê apenas como um empregado a mais em sua empresa. E não como um profissional.

Talvez, você poderá não receber bem estas poucas palavras. Mas se esses comentários lhe são aplicáveis, se você mudar de postura e passar a enxergar as coisas diferentes, e se apre-sentar bem, se estudar legislação, princípios contábeis (é desejável conhecer bem excel e word), e ter um bom conhecimento geral, você verá que o mundo ao seu redor mudará. E você passará a ser um profissional respeitado, além de ganhar mais dinheiro. Porque com-petência e profissionalismo se traduzem em dinheiro. Não podemos procrastinar essa atitu-de profissional.

A nossa profissão tem pessoas competentes. É uma profissão que participa do crescimento e do desenvolvimento do nosso País, do qual todos nós, contadores, somos parte integrante. Portanto, todos nós temos a obrigação de contribuir para o seu crescimento e respeito pro-fissional. Ou então estaremos fadados a um futuro fatídico.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A carreira do auditor


Entre as diversas especialidades da profissão do Contador, a auditoria é uma das mais fascinantes e que oferece ao jovem profissional desafios e mais desafios, além de ser empolgante. É uma das carreiras que mais a-prendizado coloca à disposição do jovem iniciante. Normalmente, as em-presas de auditoria, ao recrutarem o auditor trainee para iniciar na profissão de auditor e consultor, se dirigem às faculdades de ciências contábeis, onde oferecem as suas vagas para aquele ano. Os estudantes-candidatos necessitam já terem cursado um mínimo de 300 horas de matérias de con-tabilidade, ou já terem cumulativamente concluído o curso de técnico em contabilidade e estarem cursando ciências contábeis. Estes jovens passam então por uma bateria de testes, começando por um pesado teste psicológico que tem por objetivo verificar se o candidato tem potencial para cargo, avaliando as suas aptidões de raciocínio matemático, habilidade verbal, quociente de inteligência, português, condições de trabalho sob pressão e relacionamento interpessoal, entre outros. Os aprovados nesta primeira etapa são então convocados para testes de dinâmica de grupo, quando um grupo de jovens, em geral em torno de doze, são colocados em uma mesa redonda para discutirem entre si diversos assuntos de natureza geral, cujos objetivos são os de avaliar na prática o potencial de como o jovem se comportaria em diversas circunstâncias perante um grupo, no que tange a liderança, coordenação, comportamento nas diversas situações quando é questionado etc. Após ser aprovado em todas essas fases, então o candidato é submetido a uma longa entrevista individual, em geral com uma psicóloga, um gerente e um ou dois sócios da empresa. Aí é que então são escolhidos os novos trainees que ingressarão na nova e desafiante carreira de auditor. É dada a preferência ao candidato que se habilite nos testes e que tenha inglês fluente.

Admitido na empresa de auditoria, o trainee passa por um treinamento de cerca de um mês em sala de aula onde receberá as noções básicas de con-tabilidade, aspectos fiscais, informática e uma introdução de auditoria. Terminado esse treinamento, o auditor iniciante começa a receber em se-guida um treinamento no campo, isto é, nas dependências do cliente, dire-tamente do senior. Dois meses depois, ele retorna para três semanas em sala de aula para receber, aí sim, os primeiros ensinamentos sobre a auditoria em si para, em seguida, receber também mais um período de treinamento em campo. Após seis meses de intensivo treinamento, esse trainee então deixará de ser um trainee para então ser um assistente de auditoria, quando então de fato estará efetivamente começando na profissão de auditor.

Poder-se-ía questionar porque as empresas de auditoria investem tanto no recrutamento e no treinamento dos novos auditores? A razão é muito simples: Essas empresas são em geral “empresas de trabalho”, e os re-cém-admitidos hoje serão os futuros sócios da empresa, quem darão conti-nuidade ao negócio no futuro e assegurarão a continuidade do negócio. Portanto, esses jovens serão os futuros sócios da empresa, e são eles quem gerarão lucros no futuro para pagar a aposentadoria dos atuais sócios que os estão admitindo.

Admitido na empresa, em regra geral o novo auditor passa quatro anos como trainee e assistente de auditoria, três anos como senior - senior é o chefe da equipe de auditores e quem comanda o trabalho nas dependências do cliente -, um ano preparando-se para ser gerente de auditoria, cargo este que ficará em torno de seis anos, mais dois anos como Diretor para então se tornar um dos sócios da empresa, para então comandá-la para o futuro. Em toda essa trajetória da carreira, o auditor recebe treinamento, mediante um plano anual de formação profissional, seja com treinamento interno ou externo. Mas é no seu dia-a-dia que o auditor tem contacto com as mais variadas empresas e os mais diversos problemas. Hoje, ele estará auditando um banco, revisando o seu fluxo de documentação, os seus controles internos, a aplicação das normas exigidas pelo Banco Central, conferindo a contabilização das mais diversas operações; amanhã, esse mesmo auditor estará trabalhando em uma empresa siderúrgica, acompanhando uma con-tagem de estoques de chapas grossas e de chapas finas, ou mesmo confe-rindo se as vendas foram efetuadas aos clientes nas melhores condições, e se os impostos sobre essas vendas foram corretamente recolhidos. Também, poderá estar pesquisando para o seu cliente a melhor forma de criar um novo negócio, e de implantar todos os controles necessários ao seu funcionamento. Ou então poderá estar atendendo a um novo cliente es-trangeiro que deseja investir no Brasil. Tudo isso é desafio para o pro-fissional da carreira de auditor. Na realidade, a carreira empolgante de auditor é um investimento constante em si, desde o conhecimento básico até o aprimoramento profissional. E esse profissional estará recebendo uma formação que profissão nenhuma lhe dá. Por tudo isso, jovem colega universitário: Não se esqueça de avaliar, ao escolher a sua especialização na contabilidade, a profissão de auditoria. O seu desafio já começa por aí.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Está o Brasil no caminho certo?


Porque o Brasil está dando certo? Este é o questionamento que muitos fazem e não conseguem encontrar uma resposta factível. Todavia, ao olharmos os números da economia e a reserva monetária do Brasil, logo vamos encontrar um sinal de prosperidade. Reservas monetárias nada mais são do que aquilo que temos no caixa para gastar. Ou seja, a sobra das entradas e saídas de recursos, depois do pagamento dos juros da dívida.

Não bastasse isto, temos ainda uma democracia funcionando com a estabilidade das instituições, o que demonstra a seriedade com que o governo central vem tratando este tema. Além do mais, todos sabemos que o Lula soube fazer algo muito inteligente: Recebeu um país em boas condições de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e deu continuidade à sua política econômica. Enquanto faz política, seus ministros trabalham. E nisto o Presidente da República acertou. Escolheu bons auxiliares na área econômica. Com esta prática, o país continua estável, crescendo razoavelmente, mas em ritmo firme. Além do mais, não deixou que o dragão da inflação retornasse. Com uma política monetarista, tendo como meta principal o controle da inflação, manteve os juros altos e com isto fez com que o país não voltasse aos anos passados em que a inflação assustava todos nós e parecia algo sem solução.

O presidente Lula vem então mantendo a estabilidade econômica, gerando empregos e principalmente ajudando os menos favorecidos. É lógico que o seu governo tem também os seus defeitos. A máquina administrativa está cada vez mais inchada, fazendo com que o emprego público passasse a ser algo invejável, seja pelos altos salários, seja pela estabilidade assegurada ao longo da vida. Assim, muitos jovens que se formam hoje se debruçam nos livros para fazerem concurso, seja de qual área for. Ou seja, ser empregado público se tornou algo invejável.

O Brasil não sentiu os efeitos da crise, tal qual vários outros países como os Estados Unidos. Por quê? Porque o Brasil optou pelo caminho do “pisar no acelerador”, ao invés de “pisar nos freios”. As obras do PAC transformaram o Brasil em um canteiro de obras. Todo lado para aonde vamos encontramos obras de peso, tal qual na Índia e na África, outros dois outros locais do mundo com crescimento invejável. E todos sabemos que a economia anda pela movimentação da bola que cresce toda vez que rola. Ou seja, o crescimento gera crescimento.

Assim, podemos dizer que o Brasil é um país emergente que se destaca no cenário nacional. É por isto que o governo precisa de taxar o dinheiro que chega para aplicar nas bolsas, de forma a conter a valorização excessiva do Real. Os investidores estrangeiros chegam a cada momento à procura de novos parceiros e novos negócios, gerando empregos e ativando a economia. E, ademais, o Governo Lula demonstrou ao longo dos anos que o Brasil está se tornando um país sério, cumpridor dos contratos, e respeitoso para com aqueles que aqui vêm para transformar este país em dos mais promissores do mundo. O Brasil está no caminho certo, sem volta. Esperamos agora que o sucessor do Pres. Lula dê continuidade a essa política, fazendo com que a economia continue a girar, gerando empregos e melhor condição para todos nós brasileiros.