Coisas da profissão


Toda profissão tem a sua história para contar. Pelo menos, as mais tradicionais, como a de Contador, ou do Advogado, ou do Médico. Mas trazemos as muitas influências das culturas antigas, como é natural, mas sofremos também muitas influências de países mais desenvolvidos. São influências boas, ou às vezes que deixam a desejar. Mas, afinal, o Brasil é um país jovem, e o jovem tem muito o que aprender. A vida é assim. Nossa cultura está sedenta de novidades, como é todo jovem. É a expectativa pelo amanhã, ou mesmo é ser mais atirado. O velho é mais conservador, já teve a experiência da vida, e não mais se arrisca tanto, porque já sabe de antemão quase sempre qual o benefício vai ter. Diferentemente do jovem.

E na vida profissional não é diferente. O auditor, por exemplo. O jovem estudante quando ingressa na empresa de auditoria, toda formal, com a rigidez de uma cultura de muitos anos. E a primeira palavra com que geralmente é batizado é a de trainee, ou mesmo de pica-pau. É o nome pelo qual passa a ser conhecido no seu primeiro ano de trabalho. E adentrando-se pela vida profissional, começa então a conhecer o jargão do contador, ou mesmo do auditor. Sempre de terno escuro, impecavelmente bem vestido, barba sem qualquer defeito, é reconhecido em qualquer ambiente. Geralmente discreto, poucas palavras, mas tudo muito bem pensado ao falar com o cliente. Este é o trainee que já tem algum tempo. Aí já conhece termos que muito significam para ele ou para o sênior – o seu chefe -, como cut off e follow up. Se o sênior lhe pergunta se fez o cut off, ele desde já sabe que é o corte de determinadas operações, como por exemplo, das vendas para determinar se tudo foi contabilizado pelo regime de competência. Ou mesmo se o sênior lhe pergunta se fez o follow up do inventário físico, significa se ele já fez todo o trabalho de auditoria para verificar se a apuração das contagens de estoque foram adequadamente feitas e apropriadas e se as sobras ou faltas são razoáveis. Ou se o manager – é o gerente – pergunta ao sênior se as lead schedules já foram abertas, ou se a operação que ele testou faz parte do core business, tudo isso tem um significo especial. E às vezes sem descrição específica em português. Uma dessas palavras traz um grande significado para o profissional da contabilidade.

Ou quando o sênior pergunta ao pica pau se já revisou todas as contas do aging list e verificou se a provisão para devedores duvidosos está adequada, quer dizer que o trainee tem que ter revisado cada uma das contas vencidas e se a provisão constituída em relação àquelas de recebimento duvidoso é suficiente. Ou mesmo, se o sênior diz ao gerente que fez um walk-through em todo o sistema de vendas, o gerente de imediato sabe o que o sênior fez e qual foi o objetivo. Portanto, o alcance é muito longo. E existem muitos outros termos de grande significado para o contador, principalmente o auditor, que não podem ser desconhecidos. São, por exemplo, o balance sheet, as lead schedules, entre outros. Ou mesmo quando a secretária telefona para o pica pau para lhe cobrar o time sheet que deveria ter sido entregue até o meio-dia.

Mas não é muito diferente em outras profissões, como por exemplo, a do advogado. Neste caso, estamos falando de uma profissão milenar, com origem e influência dos romanos, e do latim. Sem falar que mais de 1400 dos artigos do Código civil são praticamente cópia dos romanos. Então, termos, tais como data venia, ou accessorium sequitur principale (o acessório segue o principal), ubi societas, ibi jus (onde há sociedade, há direito), ius in re (direito sobre uma coisa) são expressões que fazem parte do dia-a-dia desse profissional. Mas, outros termos já se entranharam na vida de todos nós, e já usamos como parte do nosso dia-a-dia. É o caso, por exemplo, do et cetera (abreviando etc.), ou ipsis litteris ou interregnum.

Mas existem aqueles que são mais cultos, ou mesmo que preferem sofisticar um pouco mais o linguajar e, então, prefere usar termos mais sofisticados como basilares, periclitar, profícua, entre outros.

Ou mesmo a influência da internet, e aí já fazem parte do nosso dia-a-dia palavras, tais como micrar, notebook, e-mail, e assim por diante. Afinal, a nossa vida é um acúmulo de experiência e de cultura. E a cada momento aprendemos mais. Enfim, a vida é assim.

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Coisas da profissão


Toda profissão tem a sua história para contar. Pelo menos, as mais tradicionais, como a de Contador, ou do Advogado, ou do Médico. Mas trazemos as muitas influências das culturas antigas, como é natural, mas sofremos também muitas influências de países mais desenvolvidos. São influências boas, ou às vezes que deixam a desejar. Mas, afinal, o Brasil é um país jovem, e o jovem tem muito o que aprender. A vida é assim. Nossa cultura está sedenta de novidades, como é todo jovem. É a expectativa pelo amanhã, ou mesmo é ser mais atirado. O velho é mais conservador, já teve a experiência da vida, e não mais se arrisca tanto, porque já sabe de antemão quase sempre qual o benefício vai ter. Diferentemente do jovem.

E na vida profissional não é diferente. O auditor, por exemplo. O jovem estudante quando ingressa na empresa de auditoria, toda formal, com a rigidez de uma cultura de muitos anos. E a primeira palavra com que geralmente é batizado é a de trainee, ou mesmo de pica-pau. É o nome pelo qual passa a ser conhecido no seu primeiro ano de trabalho. E adentrando-se pela vida profissional, começa então a conhecer o jargão do contador, ou mesmo do auditor. Sempre de terno escuro, impecavelmente bem vestido, barba sem qualquer defeito, é reconhecido em qualquer ambiente. Geralmente discreto, poucas palavras, mas tudo muito bem pensado ao falar com o cliente. Este é o trainee que já tem algum tempo. Aí já conhece termos que muito significam para ele ou para o sênior – o seu chefe -, como cut off e follow up. Se o sênior lhe pergunta se fez o cut off, ele desde já sabe que é o corte de determinadas operações, como por exemplo, das vendas para determinar se tudo foi contabilizado pelo regime de competência. Ou mesmo se o sênior lhe pergunta se fez o follow up do inventário físico, significa se ele já fez todo o trabalho de auditoria para verificar se a apuração das contagens de estoque foram adequadamente feitas e apropriadas e se as sobras ou faltas são razoáveis. Ou se o manager – é o gerente – pergunta ao sênior se as lead schedules já foram abertas, ou se a operação que ele testou faz parte do core business, tudo isso tem um significo especial. E às vezes sem descrição específica em português. Uma dessas palavras traz um grande significado para o profissional da contabilidade.

Ou quando o sênior pergunta ao pica pau se já revisou todas as contas do aging list e verificou se a provisão para devedores duvidosos está adequada, quer dizer que o trainee tem que ter revisado cada uma das contas vencidas e se a provisão constituída em relação àquelas de recebimento duvidoso é suficiente. Ou mesmo, se o sênior diz ao gerente que fez um walk-through em todo o sistema de vendas, o gerente de imediato sabe o que o sênior fez e qual foi o objetivo. Portanto, o alcance é muito longo. E existem muitos outros termos de grande significado para o contador, principalmente o auditor, que não podem ser desconhecidos. São, por exemplo, o balance sheet, as lead schedules, entre outros. Ou mesmo quando a secretária telefona para o pica pau para lhe cobrar o time sheet que deveria ter sido entregue até o meio-dia.

Mas não é muito diferente em outras profissões, como por exemplo, a do advogado. Neste caso, estamos falando de uma profissão milenar, com origem e influência dos romanos, e do latim. Sem falar que mais de 1400 dos artigos do Código civil são praticamente cópia dos romanos. Então, termos, tais como data venia, ou accessorium sequitur principale (o acessório segue o principal), ubi societas, ibi jus (onde há sociedade, há direito), ius in re (direito sobre uma coisa) são expressões que fazem parte do dia-a-dia desse profissional. Mas, outros termos já se entranharam na vida de todos nós, e já usamos como parte do nosso dia-a-dia. É o caso, por exemplo, do et cetera (abreviando etc.), ou ipsis litteris ou interregnum.

Mas existem aqueles que são mais cultos, ou mesmo que preferem sofisticar um pouco mais o linguajar e, então, prefere usar termos mais sofisticados como basilares, periclitar, profícua, entre outros.

Ou mesmo a influência da internet, e aí já fazem parte do nosso dia-a-dia palavras, tais como micrar, notebook, e-mail, e assim por diante. Afinal, a nossa vida é um acúmulo de experiência e de cultura. E a cada momento aprendemos mais. Enfim, a vida é assim.

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